Covid-19 – Desafios e Oportunidades

Jorge Rebelo de Almeida: o turismo deverá ser o sector mais afectado

Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé Hotéis, aquando da sua intervenção no webcast “Turismo-Desafios e Oportunidades Covid-19”, realizado pela Worx, recordou que na crise anterior o turismo foi o motor da recuperação económica e que, desta vez, o turismo deverá ser o sector mais afectado, pelo menos até à descoberta da vacina para o vírus.

É importante referir, destacou Jorge Rebelo de Almeida, que a oferta hoteleira durante a última crise era menos de metade da que hoje existe, e não existia a opção de alojamento local.

Assim, teremos de nos apoiar no mercado interno, apesar de grande parte da população ter visto o seu salário reduzido e não ter grande disponibilidade financeira para ir de férias, explicou o gestor acrescentando que  temos actualmente um grave problema de saúde com uma grande de dose de incerteza associada. Chamando a atenção para o facto de ter sido possível contar com a posição de serenidade e bom senso por parte do Governo, que assim demonstrou que tem controlo sobre a situação.

– Para nós, sector hoteleiro, não faz sentido reabrir um hotel onde não seja possível as pessoas irem ao spa, piscina, bar, ou outras zonas de convívio. Desta forma, é primordial regressarmos à vida rapidamente, caso contrário podemos morrer da cura, à medida que assistimos à degradação completa da economia, frisou o CEO do Grupo Vila Galé,  explicando que é impossível adaptarmos-nos a esta crise com um nível de fragilidade tão grande, com zero receita. Vamos ter de fazer uma abertura suave e controlada, usar máscaras e ir à luta com medidas de segurança.

– A certeza que podemos perder é a de que haverá vida para além desta crise. Se for importante para o país os hotéis estarem abertos, mesmo a perder dinheiro, nós (Vila Galé) iremos fazê-lo.

Recordando que a actividade hoteleira mexe praticamente com tudo, considerou que a recuperação vai depender de todos.

José Roquette: não concordo com as pessoas que afirmam que o panorama actual vai mudar tudo

Não estou de acordo com as pessoas que afirmam que o panorama actual vai mudar tudo, embora acredite que algumas coisas vão mudar. Quem o afirma é José Roquette, CDO do Grupo Pestana, acrescentando que neste  momento os governos de todos os países estão focados como nunca e o sistema financeiro está preparado de uma forma que não estava na crise anterior.

Ainda na sua intervenção no webcast “Turismo-Desafios e Oportunidades Covid-19”, José Roquette disse que o sector hoteleiro enfrentará um desafio no que toca à credibilidade do destino, tentando passar a máxima confiança possível.

É necessário começar a preparar a reabertura, provavelmente, a partir de junho. A médio longo prazo teremos o desafio do transporte aéreo, talvez este seja o maior ponto de interrogação, esclarece o CDO do Grupo Pestana referindo que Portugal pode estar preparado, mas os clientes/turistas não estão. – Temos alguns dados importantes: a TAP está a começar a pensar activar voos em meados de maio, as low cost a pensar como podem planear os seus voos e com que regras.

Considerando que vai ser uma recuperação completamente diferente dentro de cada um dos países da Europa, diz também que a reestruturação é inevitável, mas chegamos fortes à crise.

José Roquette considera que o sector do turismo terá certamente uma recuperação lenta, embora seja um dos sectores mais resilientes que existem em Portugal.

Em forma de conclusão, afirmou ser importante termos a noção de que mais crises virão, chegamos relativamente bem preparados a esta crise, o sector do turismo teve 5 anos de glória e deve ter retirado os proveitos destes anos dourados.

Agora é essencial pensar na reactivação, começar a ter coragem para pôr um plano ambicioso em prática, concluiu.