A opinião de Constantino Pinto (Ávoris).
Face ao que tem vindo a acontecer no Aeroporto Internacional Humberto Delgado, em Lisboa, nomeadamente nos últimos meses, transformando uma viagem que podia ser encerrada com ‘chave de ouro’, numa vontade de não mais querer viajar ou vir a Portugal, o jornal Opção Turismo quis saber o que pensam os agentes de viagem e como pensam sobre a maneira de ultrapassar o que se está a passar.
Hoje, tem a palavra Constantino Pinto, diretor de Vendas da Ávoris Portugal
Opção Turismo – Como é sabido e em bom português, o Aeroporto Internacional de Lisboa, está a rebentar pelas costuras, passe a expressão, correndo o risco de até se transformar em algo “anti turismo” (entenda-se apenas como um ‘travão’ à vinda de turistas estrangeiros) em breve como já disse um dos nossos governantes. Considera que obras futuras de ampliação/modernização – por exemplo, aproveitando o Figo Maduro – podem resolver temporariamente a situação até à construção de um novo aeroporto na região de Lisboa (Montijo, Alcochete, …)? Porquê?
Constantino Pinto – Na minha opinião, qualquer intervenção de ampliação/modernização na atual estrutura aeroportuária, mesmo incluindo o Figo Maduro, não irá permitir um valor acrescentado que possa justificar o investimento. Temos assistido nos últimos a sucessivas intervenções deste tipo que apesar de permitirem melhorias pontuais, por não conseguirem acompanhar a evolução do tráfego, não representam, de facto, qualquer ganho significativo. A tudo isto acresce a nossa tendência normal em tornar definitivo o provisório, pelo que, caso se conseguissem mitigar minimamente os atuais problemas, seria praticamente garantido que iríamos adiar ‘ad aeternum’ a construção de um novo aeroporto!
Opção Turismo – Enquanto o novo aeroporto não for uma realidade, porque não aproveitar o aeroporto/aeródromo de Tires, Cascais, deslocando para lá, por exemplo, as low cost? E porque não os voos charter? Qual a sua opinião?
Constantino Pinto – Desconheço se operativa e tecnicamente esta deslocação de tráfego seria possível, no entanto, desde que seja viável parece-se que será uma hipótese a considerar. O que não poderá acontecer será não nos esforçarmos ao limite para encontrar uma resposta razoável que reúna consensos e que, no curto prazo, permita mitigar os atuais problemas.
Opção Turismo – Portugal tem em Beja o que se pode chamar de um aeroporto “fantasma” que está praticamente sem quaisquer operações. Porque não utilizá-lo como alternativa a Lisboa. Em seu entender quais os prós e os contras para, por exemplo, operações charter?
Constantino Pinto – Sinceramente não me parece uma solução razoável e por isso nunca será consensual. As infraestruturas de acesso que colocariam este “aeroporto” no limite da razoabilidade não existem, são caras e demoram bastante tempo a concluir. Nas atuais circunstâncias o acesso a este “aeroporto” para quem vem da zona de Lisboa, será sempre superior a duas horas, o que é inaceitável tendo em conta a duração dos voos que se pretendem eventualmente deslocar. Assim sendo, voltamos à primeira resposta, isto é: teremos que, de imediato, avançar para a construção de um novo aeroporto e colocar toda a nossa energia e capacidade de execução nesse objetivo.
Opção Turismo – Há alguns anos atrás, falou-se também como alternativas a Lisboa, a utilização da Base Aérea de Monte Real ou a construção (certamente apoiada pela Igreja) de um novo aeroporto em Fátima, justificando o fluxo de turismo religioso. O que acha sobre a viabilidade destas hipóteses?
Constantino Pinto – Sinceramente acho que não passam de meras hipóteses teóricas. Perdemos demasiado tempo com especulações, com divagações de todo o tipo e não somos capazes de apontar numa direção e tomar as decisões oportunas.
Opção Turismo – Como agente de viagens e operador turístico o que considera que se pode fazer quanto a este assunto (falta de capacidade geral do aeroporto Humberto Delgado e alternativas)?
Constantino Pinto – Para além do que temos feito, pouco mais há a fazer. Identificámos os problemas, clarificamos as nossas necessidades e apontamos soluções. Compete agora às autoridades, com base em tanta informação que temos feito chegar, decidir e meter mãos à obra.