No almoço promovido pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) em Lisboa, o presidente da associação, Bernardo Trindade, disse que a AHP já apresentou ao Governo o seu parecer sobre o pacote legislativo “Mais Habitação” e que defende uma clara separação entre alojamento local coletivo e particular.
Ou seja, de forma clara, a associação defendeu que ‘hostels’, ‘guest houses’ ou blocos de apartamentos com serviços, deixem de ser considerados alojamento local, passando a empreendimentos turísticos e cumprindo as regras a que esses estão obrigados.
“Devemos olhar para o alojamento local existente, no que tem de bom e requalificante para o espaço público, e fazer a divisão natural. O alojamento local coletivo, ‘hostels’ e ‘guest houses’, devem migrar para empreendimentos turísticos e com regras claras e poderem também candidatar-se a incentivos de extrema importância”, explicou Bernardo Trindade.
Já o alojamento individual (por exemplo, apartamentos que estão em alojamento local em prédios de habitação), acrescentou, “deve ter escrutínio dos condomínios”.
O presidente da AHP falou ainda da falta de trabalhadores na hotelaria, referindo que já este ano estão previstos 66 novos hotéis em Portugal e que para esses equipamentos é preciso que venham trabalhadores do estrangeiro, já que os disponíveis em Portugal não são suficientes. Todavia, essas pessoas precisam de ter habitação adequada e apelou ao Governo para que crie incentivos.
“Precisamos de incentivos claros no sentido do apoio à habitação, estas pessoas vêm para Portugal e têm de ter respostas”, afirmou.
O convidado para o almoço da AHP foi o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que na sua intervenção saudou o contributo do setor para a economia.
“Em 2022, o emprego cresceu em mais de 162 mil postos de trabalho e, destes, no setor de alojamento, restauração e similares os números da Segurança Social demonstram um crescimento de 34 mil postos de trabalho, 21% do total, muito mais do que o setor representa no total da economia portuguesa, estimado em cerca de 8%]. Nos salários, os salários pagos cresceram quase 6.000 milhões de euros, desses 700 mil euros foram pagos pelo alojamento, restauração e similares, de novo acima do peso do setor”, afirmou Centeno.
Contudo, avisou que o setor ainda tem de fazer mais nos salários, acompanhando o crescimento das qualificações.