Santuário do Cabo Espichel vai dar lugar a complexo turístico

Com uma renda anual mínima de 15.276 euros, investidores privados nacionais ou estrangeiros já podem concorrer à concessão, por um período de 50 anos, do Santuário do Cabo Espichel, em Sesimbra, no âmbito do Programa Revive.

Com uma área total de construção de 5.937 m2, o investimento a realizar envolverá a criação de um estabelecimento hoteleiro, unidade de alojamento local na modalidade de estabelecimento de hospedagem, ou outro projecto com vocação turística.

A concessão, cujo concurso foi lançado esta terça-feira, compreende o bem imóvel pertencente ao domínio privado do município de Sesimbra (Ala Norte) e parte do bem imóvel propriedade da Confraria de Nossa Senhora do Cabo (Ala Sul).

Os investidores interessados têm o prazo de 60 dias para apresentação de propostas que, além de darem uma nova vida a este imóvel histórico, contribuam para a atracção de turistas para a região e para a dinamização da economia local. Toda a informação sobre o novo concurso está disponível no site do Programa Revive – https://revive.turismodeportugal.pt/

O Santuário do Cabo Espichel, inserido no parque natural da Arrábida, também conhecido como Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua, situa-se no Cabo Espichel, e reza a lenda, que ocorreu, no local, uma aparição de Nossa Senhora. Do primitivo santuário referido pelas Visitações da Ordem de Santiago, nada resta nos dias de hoje.

A partir do culto a Nossa Senhora do Cabo e da quatrocentista Ermida da Memória, no século XVIII, D. Pedro II e D. José mandaram edificar um Santuário que perdurou, afecto ao culto, até à transição para o século XX, entrando depois em declínio.

O Santuário congrega a igreja construída entre 1701-1707, em estilo chão, duas alas de hospedarias edificadas entre 1745-1760, a casa da água datada de 1770 e abastecida por um aqueduto e a casa da ópera, de finais de oitocentos. As duas fiadas de habitações para os romeiros criam duas linhas que conduzem à igreja, acentuando a cenografia do templo, ao mesmo tempo que realçam um jogo de vãos, de cheios e vazios e de claro-escuro através da arcaria e janelas do andar superior, numa arquitectura saloia, mas de grande interesse.

O imóvel está classificado de interesse público desde 1950, beneficiando, ainda, de uma Zona Especial de Protecção.

Trata-se do 24.º concurso lançado no âmbito do Revive, tratando-se de um dos 49 imóveis inscritos programa conjunto dos Ministérios da Economia, Finanças, Defesa e Cultura, com a colaboração das autarquias locais e a coordenação do Turismo de Portugal. Pretende-se, com este programa, valorizar e recuperar o património devoluto, reforçar a atractividade dos destinos regionais e o desenvolvimento de várias regiões do país.

Até ao momento foi adjudicada a concessão de 18 imóveis no âmbito deste programa, que representam cerca de 139 milhões de euros de investimento na recuperação de imóveis públicos e rendas anuais na ordem dos 2,4 milhões de euros.

A cerimónia de lançamento contou com a presença do ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, que admite que este concurso marca o início de um período de esperança para o sector do turismo.

– É o primeiro concurso que abrimos depois do último confinamento. É por isso também este sinal que queria deixar, é um sinal de esperança em que a nossa preocupação de apoio ao sector deixa de ser preservar actividade e suportar a oferta perante uma procura que cai. E sim passarmo-nos a preocupar-nos com outras prioridades. Podermos reabrir com confiança, mas com prudência, afirmou.

Presentes estiveram também a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, bem como o presidente da Câmara de Sesimbra, Francisco Jesus, e D. José Ornelas, Bispo de Setúbal e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.