O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, aponta o dedo aos critérios invocados pelo Reino Unido para retirar Portugal da lista verde, e lembra que, sem um controlo sanitário de todas as partes, a diplomacia portuguesa não pode realizar milagres.
O governante, ouvido esta quarta-feira no Parlamento garantiu que a diplomacia está a trabalhar para que Portugal possa voltar a acolher turistas, mas também deixa o aviso: sem controlo da pandemia, não há milagres.
Santos Silva revelou que o Governo português foi informado com antecedência pelo Executivo britânico acerca da saída da lista verde das viagens de cidadãos a partir do Reino Unido. O Governo britânico tem tido sempre a cortesia diplomática de informar, pelos canais diplomáticos e pelos canais políticos habituais, que existem entre os dois países, das decisões que toma.
Mesmo assim, critica os critérios invocados pelo Governo de Boris Johnson. Perceberia que o Reino Unido tomasse uma decisão restritiva em relação a Portugal se a nossa taxa de positividade estivesse acima de um limiar definido internacionalmente, que é 4%. Não posso aceitar que o Reino Unido a tome dizendo que 1,2% é o dobro de 1, disse ainda.
O ministro sublinhou que Portugal tem disponibilizado aos britânicos todos os dados epidemiológicos do país de forma transparente e actualizada. Dai que a Madeira passasse a figurar na lista verde. Não é a diplomacia que determina a presença de um país em determinada lista.
O chefe da diplomacia portuguesa destacou ainda, na Assembleia da República, que o Certificado Digital (CD), que entra esta quinta-feira em vigor no espaço da União Europeia (UE), é uma medida cautelosa e prudente, que vai permitir “abrir gradualmente a economia.
– O processo que levou à aprovação do CD resulta de uma arbitragem entre necessidades complementares que é preciso fazer. Temos de proteger o nosso espaço comum. Devemos ter uma coordenação como um todo e permitir a circulação e mobilidade das pessoas e abrir gradualmente a economia, frisou Augusto Santos Silva, que defendeu que os testes negativos à Covid-19 devem ser suficientes para garantir a circulação na UE.
Santos Silva classificou o CD como um instrumento muito importante, ao destacar também o facto de ter sido a medida mais rápida a ser criada e autorizada pelos 27 Estados-membros.
Porém, mesmo com entrada do CD no interior da UE, Santos Silva indicou que Portugal vai continuar vigilante e coordenado, até porque multiplicam-se os sinais de um aumento de nova variante. Sobe na Alemanha, França, Espanha e, fora da UE, no Reino Unido, assinalou.
Note-se que o Governo português adicionou, esta segunda-feira, o Reino Unido à lista dos países – África do Sul, Brasil, Nepal e Índia – que têm de cumprir isolamento profilático de 14 dias após a entrada em Portugal.