Reestruturação da TAP com luz verde de Bruxelas só depois de Março

O processo de reestruturação da TAP, que está a ser negociado com a Comissão Europeia, só deverá ficar concluído depois do mês de Março, isto porque as negociações com os sindicatos atrasaram processo. No entanto, Frasquilho acredita que o plano será aprovado.

O presidente do conselho de administração da transportadora aérea, Miguel Frasquilho, admitiu esta terça-feira no Parlamento que o processo de negociações com os sindicatos da TAP se prolongou até meados de Fevereiro e que isso atrasou um pouco as conversas com Bruxelas. Provavelmente já não será em Março que as negociações terminem, mas não será muito depois, afirmou.

No entanto, o gestor sublinhou que os acordos alcançados com os sindicatos para reduzir os custos salariais foram bem vistos em Bruxelas e acrescentou que não lhe passa pela cabeça que o plano não seja aprovado.

Mesmo assim, destacou que as necessidades de liquidez são acompanhadas quase diariamente para que a empresa não entre em situações de estrangulamento. Este ano, a TAP irá precisar de quase mil milhões de euros de injecção, o que pode passar por financiamento privado com aval do Estado, ou por empréstimo público.

Miguel Frasquilho agradeceu os recursos dos contribuintes portugueses, assinalando que o retorno que advirá para a economia será muito superior em todas as vertentes, duas a três vezes aos apoios concedidos à empresa. Este impacto positivo na economia mede-se em empregos, valor acrescentado bruto, em receitas turísticas, em compras a fornecedores e até em termos de impostos e finanças públicas. Impactos que não existiriam se a TAP não existisse.

Confirmou ainda que Comissão Europeia vai acompanhar a evolução da TAP, para além de 2024, até porque a empresa não pode receber mais ajudas de Estado nos próximos dez anos.

Nesta audição, o presidente não executivo revelou ainda que o plano de reestruturação prevê que a TAP deixe de fazer a manutenção de aeronaves no Brasil no final deste ano, independentemente das propostas para a compra dos activos daquela operação que não é estratégica para a companhia.

Miguel Frasquilho indicou também que os cortes salariais dos trabalhadores 30% negociados com os sindicatos só serão implementados em Março, mas indicou que para os restantes trabalhadores a TAP não pode esperar mais. A 1 de Março ou entram em vigor os acordos renegociados, ou são aplicados os regimes sucedâneos. O gestor sublinhou ainda que em 2025 a TAP não pode ter o mesmo nível de massa salarial que tinha em 2019.

Sobre as negociações com a Comissão Europeia, Miguel Frasquilho informa que a TAP já esteve presente em várias reuniões que têm sido construtivas e assegura que o plano de reestruturação  é visto como sendo credível, cuidadoso e resiliente.

Miguel Frasquilho referiu ainda que a TAP tem que estar preparada para concorrer com os competidores, incluindo as low-cost, e reafirmou a intenção de reforçar a operação a partir de outros pontos, sem perder a vista o hub de Lisboa, mantendo, no entanto o seu modelo de conexão intercontinental, que liga a Europa às Américas e a África, e que nos vai permitir manter, e até mesmo reforçar, a missão das nossas operações em cidades como o Porto e Faro, através da TapExpress, que usa a frota da Portugália.

Questionado sobre o futuro accionista da TAP, Frasquilho quer que o Governo se mantenha no capital da empresa, mas gostaria de ter um ou mais parceiros privados. Actualmente, Humberto Pedrosa mantém-se como accionista da empresa depois da saída de David Neeleman.