Que nos vai trazer 2018?

O ano de 2018 começou com certa euforia no que concerne a vendas de férias no estrangeiro durante todo o ano. Talvez reflexo do ano excelente que foi 2017 e, até mesmo, 2016.

Na base deste pressuposto estava, quiçá, um certo e verificado “alívio” nas bolsas dos portugueses, estrangulados durante bastantes anos. Mas mesmo assim, quem decidiu fazer férias a seu bel-contento, não entrou numa euforia abandalhada e à grande, como se costuma dizer. Gozar sim, mas sempre atentos aos gastos porque o dinheiro, apesar de tudo, continua caro.

Todavia, isso não significou que, no ano passado, não houvesse um “boom” de portugueses para determinados destinos. Alguns porque a segurança já era um facto; outros porque os preços e o desconhecido eram aliciantes. Tunísia, Cuba, Cabo Verde nos internacionais; Porto Santo, Algarve, Centro de Portugal e Açores, cá dentro.

Contudo e em boa verdade já se adivinhava, pelas contas (e não só) de alguns operadores portugueses mais atentos, que 2018 fosse um pouco problemático, mas não (ainda) preocupante.

E passados os primeiros quatro meses de 2018, é isso mesmo que se está a passar com os operadores turísticos e, naturalmente, com as agências de viagens. Quanto aos meses de maio e junho houve uma melhoria – diria mais, uma recuperação – mas comparativamente com o ano anterior há quebras, não na generalidade, de dois dígitos.

Claro que alguns motivos desta situação podem ser identificados.

Em primeiro lugar estão os baixos preços oferecidos (ou obrigados) pela grande oferta que há no mercado. E as perguntas que se põem são:

– Porque é que existem tantas promoções e preços baixos nesta altura, quando e se bem me lembro, em anos anteriores o agosto já estava bem vendido?

– Será que há um forte excesso de oferta?

– Ou será que o Algarve está assim tão bom que tenha levado uma enormidade de pessoas a reservar neste destino?

– Será que com os baixos preços nos pacotes turísticos se está a dar mais quota de mercado às agencias tradicionais?

– Uma tentativa de fazer frente às reservas directas (hotel e voo) pela Internet? Claro que em caso algum aconselho este tipo de “aventura” porque por vezes há desagradáveis surpresas que só um profissional pode resolver.

Acho, por outro lado, que é uma oportunidade de ouro para as agências de viagens fazerem valer os seus serviços. Todavia, como em tudo, existe um nreverso da medalha: rentabilidade existe ou não? É ou não positivo um excesso de oferta no mercado

Para criar ainda mais um mal-estar nas compras e reservas antecipadas, juntem-se as greves frequentes no sector aéreo, o tempo, a (falta) de segurança, a demora nas bagagens e controlos, a saturação dos aeroportos vs confiança do consumidors final

Junte-se também o mau hábito – cada vez em maior número – de se deixar tudo para a última hora.

Agora, uma coisa é visível e certa: se por um lado os destinos, ditos caros e de luxo, têm tido boa clientela; por outro, os portugueses já ganharam o vício de viajar. Cá dentro ou lá fora!

Quero querer que vai ser um ano sofrido, mas com valores finais positivos não muito longe dos esperados.

Importante, a meu ver, é que se deve levar em conta que 2018 vai ser uma espécie de aviso à navegação para 2019 e 2020.

Será que os operadores turísticos vão (finalmente) perceber isto ou vão continuar com os excessos de oferta?

Luís de Magalhães