Licínio Cunha aconselha plano de recuperação e reorientação do turismo

O ex- secretário de Estado do Turismo, Licínio Cunha, aconselha ao país a preparação de um plano de recuperação e reorientação do turismo com um horizonte temporal até 2030, a vigorar a partir de Janeiro de 2021.

Licínio Cunha falava um webinar organizado pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), no qual participaram mais 5 ex detentores da pasta do turismo em Portugal (Alexandre Relvas, Vítor Neto, Luís Correia da Silva, Bernardo Trindade e Adolfo Mesquita Nunes), para além da actual secretária de Estado do Turismo, Rita Marques.

O investigador em matérias de turismo, para além de ter abordado questões conjunturais que provocaram uma crise profunda e tão avassaladora ao sector do turismo em Portugal e no mundo inteiro, sem nenhuma previsão de retoma a 100%, mas sem ser pessimista, avança que este plano deverá ser sub-dividido em dois planos.

O primeiro, em sua opinião, com uma duração de 2 a 3 anos, deveria ter como objectivos, entre outros, a reestruturação das empresas, a generalização da implementação de sistemas de controlo de doenças contagiosas, a recuperação da procura turística, a aceleração da digitalização, a promoção de projectos inovadores em detrimento do crescimento da oferta, sobretudo nas zonas costeiras.

Os objectivos gerais do segundo sub-plano seriam, de acordo com Licínio Cunha, a promoção de produtos de maior valor acrescentado, o melhor aproveitamento do turismo para uma maior diversificação da economia, o apoio ao desenvolvimento regional com incentivos à criação de redes de cooperação e do turismo comunitário, a dinamização de programas de apoio à redução da pobreza e a melhor distribuição da riqueza, bem como o fortalecimento da competitividade das empresas e dos destinos, e ainda as previstas transformações tecnológicas.

Mas Licínio Cunha alerta que, para o sucesso de qualquer plano que venha a definir-se, devem ser observadas algumas condições. E aponta: a estratégia de desenvolvimento da economia nacional, através do programa de recuperação económica 2020/2030 tem de integrar o turismo a fim de promover o desenvolvimento das actividades que o sector dinamiza e fortalece. Isso implicaria que cada área da governação passe a inclui o aproveitamento do turismo nas políticas que desenvolvem nas respectivas áreas. Se vier a acontecer, será pela primeira vez em Portugal.

A segunda condição destacada pelo ex-SET, é garantir a racionalidade de utilização das verbas comunitárias, eliminando as insuficiências e os erros do passado.

Refere, entretanto que, todos os programas que vierem a ser criados, devem ser monitorizados e avaliados em permanência. É preciso recuperar o turismo, mas também, é preciso garantir que seja o motor do desenvolvimento, criando aceitação generalizada, e que se evite4 a turismofobia. Esta poderá ser a oportunidade única que não se deve desperdiçar, aconselha Licínio Cunha, quem tem estudado profundamente este sector e já publicou diversos livros sobre turismo.