Impacto da Covid-19 no turismo pode custar 4MM à economia mundial

A queda do turismo internacional devido à pandemia da Covid-19 pode custar mais de 4 mil milhões de dólares à economia mundial entre 2020 e 2021indica uma informação da UNCTAD em conjunto com a OMT.

A perda estimada deve-se ao impacto directo da pandemia no turismo e ao seu efeito em sectores estreitamente relacionados com esta área.

No relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento em conjunto com a Organização Mundial do Turismo, há três cenários projectados para 2021: um prevê uma redução semelhante à de 2020, de cerca de 74% em média; outro aposta numa redução mais ligeira, mas ainda assim de 63%; e o terceiro cenário tem em conta as taxas variáveis de vacinação e assume que, se há países com um impacto de vacinação ainda curto e portanto podem sofrer com uma redução de 75% no turismo, outros podem contar com uma quebra muito menor, à volta dos 37%.

Portugal faz parte deste terceiro cenário, uma vez que é um dos países que o documento considera terem taxas de vacinação relativamente altas. O critério, que engloba 55 países, é ter 50% da população vacinada. Neste caso, Portugal tem neste momento 52%, mas apenas com a primeira dose. Se o critério fosse a vacinação completa, apenas 32% da população entraria no cálculo.

Na informação é referida que as perdas são maiores nos países em vias de desenvolvimento, já que a ausência de um programa de vacinação generalizada contra a Covid-19 mantém os turistas longe dessas regiões.

O relatório afirma que o turismo internacional e seus sectores sofreram uma perda estimada de 2,4 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros) em 2020, após uma queda acentuada nas visitas turísticas internacionais”.

E para este ano as estimativas não são muito melhores, admitindo-se uma perda similar, sendo que a recuperação do sector turístico vai depender em grande medida da aplicação global das vacinas contra a Covid-19.

– O mundo necessita de um esforço de vacinação global que proteja os trabalhadores, mitigue os efeitos sociais adversos e que sejam tomadas decisões estratégicas em relação ao turismo, tendo em conta as possíveis mudanças estruturais, afirmou a secretária-geral da UNCTAD, Isabelle Durant, citada no comunicado.

Por sua vez, o secretário-geral da OMT, Zurab Pololikashvili, afirmou que o turismo é um salva-vidas para milhões de pessoas e avançar com a vacinação para proteger as comunidades e apoiar a retomada segura do turismo é fundamental para a recuperação de postos de trabalho e a geração de recursos muito necessários, especialmente nos países em desenvolvimento, muitos dos quais dependem em grande medida do turismo internacional.

Os especialistas não esperam voltar a níveis de fluxo turístico internacional prévio à pandemia até 2023 ou até mais tarde, de acordo com a OMT. Os principais obstáculos são as restrições às viagens, a contenção lenta do vírus, a baixa confiança das pessoas em viajar e um ambiente económico deficiente.

Para este ano, o relatório da UNCTAD aponta para perdas entre 1,7 e 2,4 mil milhões de dólares (1,4 e dois mil milhões de euros) face aos níveis de 2019.

A redução do turismo provoca um aumento médio de 5,5% do desemprego de mão-de-obra não qualificada, com uma variação entre 0% e 15% conforme a importância do turismo nas economias.