As restrições recentes de que Portugal foi alvo vêm contrariar a recuperação que era esperada para o turismo no Verão de 2021, confirmou esta quarta-feira o presidente da AHP, Raul Martins, que estima que as reservas na hotelaria estão neste momento abaixo dos 45%.
– A situação é que aquela expectativa que tínhamos era que a retoma se iria iniciar este Verão e tínhamos indicações que nos levavam a pensar isso. Com esses condicionalismos da Grã-Bretanha e da Alemanha não haverá retoma este ano e este ano será um ano negativo, ou, na melhor das hipóteses, com resultado zero, disse Raul Martins na apresentação de um inquérito realizado pela AHP aos seus associados, sobre as perspectivas para o Verão.
Em causa está a inclusão de Portugal na lista âmbar do Reino Unido e também na lista vermelha da Alemanha, ao mesmo tempo que o nosso país decidiu incluir o Reino Unido na lista de países sujeitos a quarentena para entrar.
O inquérito da AHP dá conta de que cerca de 60% dos inquiridos, espalhados por todo o território nacional, esperavam ter uma taxa de ocupação no Verão melhor ou muito melhor do que no ano passado, mas as respostas ficaram fechadas em 21 de Junho, antes de serem conhecidas as decisões do Reino Unido e da Alemanha, dois importantes mercados emissores de turistas para Portugal.
Apesar de o início da retoma este Verão estar já fora das expectativas, a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, considerou que a época não será pior do que a de 2020, devido à procura interna.
Não há reservas de grupos, ou seja, a hotelaria está dependente das reservas individuais e a esmagadora maioria são reservas reembolsáveis, o que significa que podem ser canceladas. Além disso, a AHP refere que se está a assistir a uma muito baixa utilização dos vouchers, o que significa que em 2020 as pessoas preferiram pedir o reembolso.
Em relação à eventualidade de serem necessárias novas medidas de apoio ao sector, Raul Martins considerou que mais importante é aumentar a disponibilidade do plano Reactivar o Turismo e definir as regras de utilização.
Mais do que criar novas medidas e apoios, é urgente, segundo o dirigente associativo, operacionalizar os já existentes, e aumentar as verbas por forma a corresponder às necessidades do sector. Os apoios não estão disponíveis. Têm de ser definidos os critérios que vão permitir ao Banco de Fomento apoiar. O que para nós é urgente é que essa definição exista, explica Raul Martins.
– O que salvou, de facto, o turismo foi, por um lado, as moratórias e, por outro, o apoio ao pagamento dos ordenados. Queremos é que, dentro do plano Reactivar o Turismo, as verbas disponíveis para recapitalizar, ou para ter garantias do adiamento do pagamento dos empréstimos antes da Covid-19, sejam aumentados, por forma a corresponder às necessidades efectivas do sector, destacou o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal.