Groundforce sem alternativas para pagar salários

O presidente do Conselho de Administração da Groundforce diz que a actual situação de enorme fragilidade de tesouraria da empresa resulta da pandemia, mas foi agravada pela incapacidade das entidades públicas em responder atempadamente ao pedido de aval para um empréstimo bancário feito em Julho 2020.

Sem alternativas para pagar salários, o accionista maioritária da empresa de handling, apelou esta terça-feira para o diálogo de forma a encontrar uma solução para ultrapassar a difícil situação financeira em que esta se encontra.

– Faço um apelo de diálogo a todos os envolvidos para que possamos rapidamente pôr termo a este clima de incerteza e, nesse sentido, acabo de pedir uma audiência com carácter de urgência ao senhor ministro das Infraestruturas e Habitação, bem como aos grupos parlamentares na Assembleia da República, afirma Alfredo Casimiro em comunicado.

Assumindo a vontade de encontrar uma solução para a situação de enorme fragilidade de tesouraria, decorrente da pandemia, em que se encontra a SPdH (Serviços Portugueses de Handling, comercialmente designada Groundforce Portugal), o empresário lamenta que a contraproposta por si apresentada para viabilizar um novo adiantamento da TAP à empresa não tenha tido ainda o acolhimento esperado e necessário por parte da administração” da companhia aérea.

– Para proceder ao pagamento dos salários de Fevereiro, a Groundforce solicitou o adiantamento do pagamento, em parte ou no todo, das facturas emitidas à TAP pelos serviços prestados em Dezembro 2020 e Janeiro 2021 e que totalizam seis milhões de euros. A resposta que recebemos é para nós incompreensível, e temos razões fundamentadas para acreditar também ilegal: a entrega como garantia do penhor das acções de um accionista (Pasogal) a outro accionista (TAP), sustenta.

A esta proposta da TAP, Alfredo Casimiro diz ter feito uma contraproposta aceitável e proporcional, por forma a dar conforto à TAP em relação aos adiantamentos realizados à Groundforce: Ceder antes como garantia a totalidade dos equipamentos de suporte da empresa à operação aeroportuária.

Contudo, lamenta, esta proposta não teve, ainda, o acolhimento esperado e necessário por parte da administração da TAP.

Segundo sustenta, foi este atraso que teve como consequência a incapacidade da empresa de saldar os pagamentos dos salários de Fevereiro de 2021 dos seus 2.398 trabalhadores.

A queda abrupta da aviação comercial, em particular da operação da TAP (principal cliente da Groundforce e seu accionista de referência, com 49,9% do capital], nos aeroportos portugueses, é segundo o empresário, a única causa deste constrangimento e o motivo do apoio solicitado. Não pedimos dinheiro ao Estado, pedimos um aval, uma vez que a nossa atividade assenta em licenças atribuídas pelo próprio Estado, afirma.

Entretanto, conforme noticiou a Lusa, esta terça-feira, a administração da TAP propôs à Groundforce a concessão de um adiantamento de 2,05 milhões de euros, para pagamento de salários e dívidas a fornecedores, exigindo em troca uma penhora da participação de 50,1% da Pasogal na empresa de handling.

Em resposta a esta proposta, e conforme a Lusa noticiou também, a administração da Groundforce recusou dar como garantia dos adiantamentos pedidos à TAP a penhora da participação de 50,1% da Pasogal na empresa, contra propondo apresentar activos que respondem pela totalidade das suas dívidas.

Na missiva enviada à companhia aérea, a administração da SPdH considera a proposta da TAP uma tentativa de ‘step in’ [intromissão] inadmissível ou de tomada de controlo hostil, constituindo um aproveitamento abusivo por a empresa e os seus dois accionistas se encontrarem em situação económica difícil.