Director de Operações Vila Galé Alentejo olha para desafios mas acredita na retoma

No Alentejo, o grupo Vila Galé oferece neste momento quatro unidades hoteleiras (Clube de Campo, Évora, Elvas e Alter do Chão). Há projectos para crescer na herdade de Santa Vitória, mas também planos para adaptar os hotéis mais antigos aos tempos modernos. A pandemia não poupou a cadeia, que olha o 2022 como ano da retoma, mas agora falta gente para trabalhar.

Estes foram os temas que o Opção Turismo abordou numa entrevista com Porfírio Perdigão, director de Operações do grupo para a região do Alentejo. Não cruzar os braços é a palavra de ordem, seja ao nível da criação de novos produtos e novas experiências, seja da promoção.

Opção Turismo – O Grupo Vila Galé cresceu no Alentejo e quando estava a abrir os hotéis de Elvas e Alter do Chão chegou a pandemia. Neste momento como é que a região se está a comportar?

Porfírio Perdigão – O Vila Galé veio para o Alentejo e começou com o Vila Galé Clube de Campo em 200, tendo sido o único projecto durante muitos anos. Em 2015 abrimos Évora, e depois, recentemente abrimos Elvas e Alter do Chão. Elvas começou muito bem alavancado por espanhóis e muitos grupos, e o Alter do Chão também, com a temática dos cavalos, começou muito bem. Depois chegou a pandemia, mas nunca parámos totalmente. Tivemos sempre as equipas em formação e activas, e abrimos mercearias online. Sentimos que não era bom para as equipas ficarem em casa, pois perdem-se processos e formas de trabalhar.

Portanto, com o retorno este ano, o primeiro semestre foi difícil, com ocupações ainda muito baixas. Começámos o Agosto com alguma recuperação, embora ainda longe dos números de 2019. O Setembro e o Outubro foram igualmente bons, tendo-se notado alguma procura do mercado nacional.

Igualmente, começamos agora, aqui e ali, a ter alguns brasileiros, a partir da altura em que foram abertas as fronteiras aéreas entre os dois países, bem como o mercado alemão, mais em Évora, e a ter já alguns pedidos de grupos e eventos. Este segmento era o que nos assustava mais, pois falava-se que ficassem mais no online e não presenciais. O facto é que estamos a ter reservas.

Opção Turismo – E agora, quais são os desafios?

Porfírio Perdigão – O maior desafio neste momento são os recursos humanos. A pandemia não foi uma guerra, os produtos estão cá, as infra-estruturas estão cá e rapidamente será fácil fazer a retoma. O problema agora são os recursos humanos. Com a pandemia houve muita gente que saiu da hotelaria, quando esses recursos já antes eram escassos. Neste momento está a ser muito difícil arranjar pessoas qualificadas e capazes para trabalhar.

Nós no Vila Galé estamos a desenvolver uma série de produtos, nomeadamente, de apoio ao primeiro emprego a jovens, e a trazer pessoas de outros países para trabalharem cá, pois temos que começar já a preparar as equipas para o próximo ano, porque estamos muito confiantes que 2022 vai ser o ano da retoma.

Opção Turismo – Duas das vossas unidades no Alentejo são mais antigas – Clube de Campo e Évora. Estão em vista projectos de remodelação/adaptação?

Porfírio Perdigão – Mesmo em pandemia, a grande característica da Vila Galé foi nunca deixar os hotéis chegarem a um estado de degradação. Sabemos que aqui no Alentejo temos dois hotéis mais antigos e dois mais recentes. Contudo, temos já agendada um série de remodelações, principalmente no Clube de Campo, até porque na herdade vão nascer dois novos hotéis.

Opção Turismo – A cadeia tem dado muito enfoque às experiências…

Porfírio Perdigão – Achamos sempre que vir para um hotel não é só o quarto e a alimentação. Assim temos em todos os nossos hotéis um ou mais pacotes de experiências. No Clube de Campo temos tudo o que são experiências ligadas à parte agrícola e este mês de Novembro oferecemos um pacote de fim-de-semana dedicado à olivicultura, sem esquecer as experiências ligadas à vinha/vinho, apanha da fruta e equitação.

Em Elvas, por exemplo, temos pacotes dedicados à cultura, que compreendem não só as peças que estão expostas no hotel, mas também visitas aos museus à volta da cidade. Em Alter do Chão dinamizamos os pacotes dedicados à equitação e ao cavalo lusitano. Já em Évora, vamos lançar os fins-de-semana gastronómicos. Trata-se da junção de todos os chefes de cozinha dos Vila Galé no Alentejo e, todos os fins-de-semana vão ter um menú diferente para dar a conhecer aos clientes, e todos à volta de um copo de vinho Santa Vitória.

Opção Turismo – Todas estas experiências que os vossos hotéis oferecem, estão ligadas a um conjunto de embaixadores. Qual é o conceito? Porquê?

Porfírio Perdigão – Temos várias pessoas conhecidas que são embaixadores do Vila Galé. Muitas delas eram clientes dos nossos hotéis e foi fácil ver qual a área que mais gostavam. Assim, em toda a rede temos embaixadores ligados à equitação, família, Spa, experiências sazonais, surf, ou mergulho, que conseguem reunir o prazer que tinham ao nível pessoal à dinamização do Grupo Vila Galé.

A propósito, vamos realizar no final de Novembro um grande evento no Vila Galé Alter do Chão com os nossos embaixadores ligados à equitação e segmento de família.

Estar presente onde é possível neste momento

Opção Turismo – Começaram as feiras internacionais de turismo de forma presencial. Como é que se estão já a posicionar ao nível da promoção? Recomeçaram a bater portas?

Porfírio Perdigão – Estivemos já presentes na World Travel Market em Londres, e entre 10 e 14 de Novembro vamos realizar uma campanha muito grande na Raia Espanhola. Portanto, vamos fazer um blitz onde os nossos directores e a nossa área comercial se vão juntar para visitar os operadores e agências de viagens. Há pessoas que já nos recebem e outras que ainda não estão disponíveis para nos receber. É questão de ir insistindo, pois acreditamos que o factor presencial, o estar com as pessoas, é fundamental. Não é que não se possa fazer esse trabalho ao nível da internet, até porque o fizemos em plena pandemia, mas o irmos lá, e principalmente trazer as pessoas aos locais, fazer as tais experiências que temos para oferecer, são factores decisivos. Portanto, vamos estar sempre onde for possível.

Opção Turismo – E mercados? Quem procura o Alentejo?

Porfírio Perdigão – O Alentejo não trabalha todo da mesma forma. O Clube de Campo, embora tenha todas as condições para trabalhar com o mercado internacional, e aqui o aeroporto de Beja teria um papel importante, o facto é que o cliente preponderante é o nacional. Em Évora já temos alemães, espanhóis e brasileiros. Penso que para esta região é fundamental trabalhar os mercados norte-americano e brasileiro. O português é o nosso mercado de eleição, mas faz férias mais no período de Verão, fins-de-semana prolongados, na Páscoa e no Natal. O problema é que temos que preencher os nossos hotéis todas as semanas e todas as alturas para além dessas. Aí, precisamos de trabalhar os outros mercados com muito afinco. Importa acrescentar que sempre estivemos e estamos a desenvolver acções com a Agência de Promoção Turística do Alentejo para dinamizar esses mercados.

Opção Turismo – Os eventos? Os vossos hotéis na região têm espaços para acolher este segmento de turismo. Já sentem alguma procura?

Porfírio Perdigão – Em todos os nossos hotéis no Alentejo temos espaços para reuniões e eventos, nomeadamente no Vila Galé Évora onde já estamos a receber eventos de 100/150 pessoas.

No entanto, há aqui um nicho de mercado que queremos trabalhar muito que são os casamentos, e temos condições de o fazer em todos os nossos hotéis da região, que têm equipamentos e estão adaptados para realizar esses eventos, um mercado em crescimento. Por exemplo, em Elvas já temos casamentos do mercado espanhol marcados para Janeiro e Fevereiro de 2022.