Devolvemos aos clientes, mas os fornecedores não nos devolvem a nós!

afirma Domingos Santos, sócio e fundador da agência de viagens Domenicos

——————> A agência de viagens Domenicos foi criada no dia 18 de Março de 2002, embora na realidade a operação só tenha começado dois meses depois. Isto, porque havia a necessidade de não só criar condições para a oferta de um bom serviço como também seleccionar e admitir pessoas, escolher ‘software’, formação adequada, etc.

Na altura, encontrava-me a trabalhar em Lisboa, mas não em turismo. E na capital tinha também a família. Todavia, as minhas filhas, na altura ainda crianças, não se adaptaram e tiveram que voltar para o Porto. Fiquei sozinho em Lisboa e só ia a casa aos fins de semana. O que não foi fácil… Tendo em atenção a pouca aptidão para ser “emigrante” e de viver sem família, resolvi voltar para o Porto, para junto da família. É assim que Domingos Santos, sócio e fundador – juntamente com a sua esposa Fernanda – da agência de viagens Domenicos, com representatividade em Paços de Ferreira e no Porto, começa uma história que tempos depois se transformou num projecto efectivo, com 19 anos e alguns dias de existência: a agência de viagens Domenicos.

No Porto, porque parados não leva a lado nenhum, foi pedido um estudo sobre alguns tipos de negócios na ‘Cidade Invicta’ e concelhos limítrofes que seriam para mais apelativos.

A paixão pelo turismo sobrepôs-se e muitos dos indicadores obtidos orientaram-nos e indicaram que Paços de Ferreira seria uma localização acertada. A juntar a eles, o facto da minha mulher ser de Paços de Ferreira e, inclusivamente, tínhamos lá uma casa.

Entre o pensar e o realizar pouco tempo se passou para que a Domenicos nascesse em Paços de Ferreira.

Uma vez que toda a vida da família foi (e é!) vivida no Porto – Paços de Ferreira fica a pouco mais de 35 km do Porto – e porque existiam muitas solicitações para que abrissem uma agência na capital do Norte, em 2005, surge aí a filial da Domenicos.

– Qual a razão do nome Domenicos?

Digamos que é uma “tradução” aproximada do meu nome, Domingos, ao latim, que começou por ser uma brincadeira entre amigos e se tornou, sem dúvida, também numa forma mais fácil e rápida de aprovação para o nome da empresa.

– Domenicos é nome de empresa ou uma marca?

Ambas as coisas. Aproveitando o facto de ser também o nome da empresa, podemos dizer que sim… é uma marca. É a nossa marca. Somos, sem dúvida, uma empresa familiar. Iniciou-se comigo e com a minha mulher Fernanda. Hoje é também gerida pelas nossas filhas, sendo que a nossa equipa também já faz parte da família.

Como já foi referido, Domingos Santos foi o sócio fundador da empresa e também seu director. No entanto, desde há quatro anos existem quatro sócios: Domingos Santos e as suas filhas Maria, Mafalda e Marta. E, já agora, diga-se que a Domenicos é membro da APAVT, aderente Provedor do Cliente das Agências de Viagens e integra a rede GEA.

– À frente da Domenicos Porto está a minha mulher Fernanda, a minha filha Maria e o Fernando; na Domenicos Paços de Ferreira está a minha filha Marta, a Isabel e a Dulce. A gerir as duas agências estou eu e a minha filha Mafalda.

O nosso entrevistado destaca que os clientes de cada uma das agências são diferentes.

A agência do Porto tem mais clientes que preferem viagens à medida, circuitos, enquanto a agência de Paços de Ferreira vende mais pacotes “charter”. No entanto, ambas são fortes no ‘corporate’.

– O que é hoje a Domenicos?

A Domenicos, actualmente, é uma grande família. Somos uma agência de viagens dinâmica e perspicaz e, que entre sorrisos e noites mal dormidas (e tardes dormidas demais, agora na quarentena), continuamos a lutar para regressar ao normal e esquecer estes terríveis meses que passaram. Somos oito – com vontade de crescer – divididos entre as duas agências, mas muito unidos.

Ao longo de 19 anos foi criada uma forte amizade e confiança entre as equipas da agência e os clientes, de tal modo que existem clientes que se mantêm fiéis desde o primeiro dia.

– Em seu entender, o que distingue a Domenicos das outras agências de viagens?

Todos somos diferentes. Temos uma identidade própria, com uma filosofia de trabalho em equipa onde todos trabalhamos em conjunto de forma a encontrar a melhor opção para o cliente, explica Domingos Santos, salientando que embora parte das vendas da Domenicos seja igual ao que as outras agências vendem, gostamos de ser uma equipa esclarecida e profissional e, por isso, investimos muito na formação de todos para podermos recomendar o destino como quem já o viveu.

Mas, talvez mais do que isso, no entender do ‘pai’ da Domenicos, são as pessoas que ali trabalham e o seu comportamento perante o cliente: a simpatia, a amabilidade, as brincadeiras, as ‘palermices’ das irmã e a minha constante e perseverante paciência para os aturar a todos.

– Que serviços mais presta a sua agência?

O lazer é obviamente uma componente forte, mas não somos uma empresa sazonal. Temos um departamento que trabalha empresas, o ‘corporate’, que para além das viagens, transferes, estadas, vistos, rent-a-car, etc, etc, engloba também pacotes completos para participação em feiras, reuniões, etc. Trabalhamos também viagens de grupos de incentivos empresariais.

– De um modo geral, como foi o ano 2020?

Pois, ora aí está algo dramático… o ano de 2020… teve um início fantástico. Janeiro, Fevereiro e um pouco de Março foram meses muito bons em que ainda conseguimos fazer alguns grupos de incentivo. O mesmo não podemos dizer relativamente à organização e venda de pacotes para participação em eventos fora de Portugal que, depois de tudo emitido e muito produto pago, tivemos que cancelar. E o mundo parou!

Para a Domenicos, os meses de Março e Abril foram meses de muito trabalho na tentativa de recuperar o máximo possível dos pagamentos já feitos. Portugal foi o que mais se vendeu no resto do ano.

Sendo uma agência IATA, a Domenicos também cria programas próprios, mediante a vontade dos clientes. Entre os muitos destinos, apontem-se as Filipinas, Indonésia, Tailândia, Colômbia, as Maurícias, Brasil e Itália.

Acrescente-se ainda que a agência faz ainda a gestão de um Alojamento Local no Fundão.

– Como vê o ano 2021? Será o ano da retoma do turismo?

Estamos já no final do primeiro trimestre de 2021, com a Páscoa já perdida, com as incertezas que existem, com alguma crise financeira instalada, com o plano de férias das pessoas completamente alterado, quer seja devido aos sucessivos “lay-off”s, quer mesmo com as alterações das férias escolares, com muitas famílias com dificuldades, e outras a procurar reservas com possibilidade de cancelamento sem gastos, ou seja, a realidade do antes de 2020 não nos parece possível, afirma Domingos Santos,  considerando que 2021 vai ser ainda um ano de contenção, uma vez que a chamada “recuperação” não parece ainda nada que nos possa aproximar do antes de 2020.

– Todavia, é necessário continuar em contacto e sempre disponíveis para os clientes, gerir de outra forma o negócio e manter vivo o espírito de equipa que sempre existiu e continuará a existir.

Para a Domenicos, o ano de 2020 foi, obviamente, um desastre para o turismo na generalidade e, consequentemente, a agência não foi uma excepção.

A nossa quebra em 2020, comparativamente com o ano anterior foi de cerca 55%.

Quanto às medidas tomadas pelo Governo, em relação ao turismo, Domingos Santos diz que obviamente, todas as medidas são sempre bem-vindas, ainda que na nossa opinião essas medidas foram tomadas algo tardiamente e já a crise estava instalada, o alívio esperado não aconteceu quando devia e as medidas para o nosso sector foram francamente fracas.

A terminar esta entrevista com o sócio fundador da agência Domenicos, quisemos saber quais os problemas prioritários com que a empresa se debate.

Começando por salientar que os principais problemas da Domenicos são os mesmos de todas as outras agências, Domingos Santos destaca que quer em 2020 como em 2021 as vendas serão apenas em Portugal. Contudo…

A grande dificuldade que temos é conseguir vender o produto sem que os grupos hoteleiros e companhias aéreas estejam constantemente a boicotar as agências de viagens. As nossas margens cada vez são mais reduzidas e os restantes sectores de turismo que deviam estar em sintonia connosco não ajudam. Grande parte dos hotéis em Portugal não dão comissão a agências de viagens, os valores que conseguimos com operadores são mais altos do que comprando diretamente e por isso perdemos possíveis vendas.

No entanto, há mais. Outra grande dificuldade reside na devolução a clientes…

Nós temos que devolver ao cliente, mas os nossos fornecedores não nos devolvem a nós!