- Afirma José Branco, director geral do Cascais Miragem
No começa de mais uma série de “ A entrevista da semana” convidamos José Branco, director geral do Cascais Miragem, para uma troca de impressões sobre a unidade hoteleira que dirige e não só.
O encontro aconteceu num dos espaços abertos do Restaurante Oásis, de cujas janelas se tem uma vista panorâmica e fabulosa sobre a Baía e Marina de Cascais e ainda sobre o Estoril, com o oceano azul por pano de fundo.
É neste ambiente calmo – ainda a hora do almoço vinha longe – que o Opção Turismo partiu à descoberta Miragem Cascais de hoje, uma unidade de 5-estrelas com 192 quartos, incluindo 11 suites e uma suite presidencial.
A primeira pergunta foi para que nos esclarecesse sobre a actividade deste 5-estrelas da Costa do Estoril.
José Branco (JB) – 2018 tem corrido razoavelmente bem, embora no primeiro trimestre se tenha notado uma retracção na procura para a Região de Cascais e Estoril e pelo que ouvi também para o Algarve, Madeira e outros destinos, para o Verão, ou seja clientes em lazer. Exceptuando Lisboa e talvez Porto, penso que todos sentimos. Na nossa região houve uma reacção ponderada e eficiente tendo o Turismo de Cascais elaborado uma excelente campanha de marketing digital em conjunto com as várias acções de marketing dos vários hotéis, que acabou por trazer resultados muito positivos.
Mesmo assim, comparativamente com o mesmo período do ano anterior (2017), é suposto que o corrente ano vai terminar com melhores resultados, mesmo tendo em atenção que o Miragem Cascais esteve encerrado para obras de modernização e decoração nos meses de dezembro de 2017 e janeiro de 2018, meses que normalmente registam uma boa ocupação. Apesar de tudo, entre fevereiro e setembro de 2018, a ocupação média foi de 56%.
JB – Pode isso significar que teremos melhores resultados em 2018 que em 2017, mas não é taxativo porque, como sabe, os destinos que em 2017 estiveram com menos procura por várias razões tais como segurança, estão em 2018 muito activos com propostas de pacotes muitos atractivas, diz José Branco, recordando que o ano de 2017 fechou com cerca de 60% de ocupação, €212 de REVPAR e um volume de negócios com um aumento de cerca de meio milhão de euros relativo a 2016.
– Para este ano aponto para um crescimento percentual de dois dígitos, diz o director geral do Miragem Cascais sem todavia dar valores.
Oferta de uma vasta panóplia de serviços
Opção Turismo (OT) – Quais são os serviços disponibilizados pelo hotel?
JB – O Hotel Cascais Miragem Health & SPA disponibiliza aos seus hóspedes e clientes 192 quartos incluindo 17 suites, na sua maioria com terraços privativos e vista Oceano, 19 salas de reunião, 2 salas para banquetes, restaurante Oásis com terraço, restaurante Gourmet, Bar com terraço, espaços de lazer e bem estar como o a piscina exterior “infinity edge”, espaço Horizontes, o Miragem Water Lounge aberto no inicio deste ano que consiste num espaço de evasão e relaxamento incluindo duas piscinas interiores, uma para famílias e outra com 40 metros de comprimento com um circuito de hidromassagem. Também inclui um espaço de relaxamento com um lago salgado para poder flutuar, sauna, banho turco, duches bitérmicos e uma fonte de gelo. A piscina exterior com o terraço e o Miragem Water Lounge são para utilização exclusiva dos nosso hóspedes.
O Hotel Cascais Miragem dispõe ainda de 4 lojas no lobby assim como “Coral Sushi Concept”.
Para além desta oferta, os hóspedes do hotel ainda têm acesso ao SPA Holmes Place com 7 salas de tratamento e ao Health Club Homes Place com cerca de 3000m2 de espaço e que inclui área cardio fitness, 5 salas de aula e piscina interior. Tudo isto sem qualquer custo adicional.
O peso da restauração
OT – Qual a oferta de restauração em termos de espaços?
JB – O Hotel Cascais Miragem dispõe, no 3º piso, de um Bar com terraço em frente ao oceano e Baía de Cascais, de um restaurante – o Oásis – com terraço e vista para a piscina do hotel e o oceano e do restaurante Gourmet com cozinha de autor e vista sobre a baia de Cascais.
O F&B no Cascais Miragem, incluindo as salas de reunião, as de banquetes e áreas publicas que permitem a realização de eventos sociais e exposições em conjunto com o bar e os dois restaurante podem representar, segundo o nosso entrevistado entre 30% e 35% da receita total do hotel.
A oferta do Miragem Cascais para o segmento de eventos, pela salas de reunião e de banquetes, a que se juntam as amplas áreas publicas é bem diversificada, sendo interessante referir que, por exemplo, o Foyer da Galeria que tem uma área de 900m2 e tem acesso directo á garagem do hotel permitindo apresentações automóveis. Aqui decorreu a Cimeira Ibero-Americana com o hotel em regime de exclusividade para além de muitos outros eventos e reuniões internacionais que podem chegar às 700 pessoas.
Em termos de Turismo de Negócios são oferecidos os mesmos espaços que estão equipados com wi-fi por fibra e com banda larga ajustável a medida de cada evento, estacionamento e um serviço personalizado com elevados padrões de acompanhamento e serviço.
Em termos de nacionalidades/ocupação pode dizer-se, sem errar muito, que o hotel por vezes parece uma Babel, tal a mistura de nacionalidades dos seus hóspedes e clientes. No entanto, o mercado nacional é o primeiro (24% do total global), com o mercado britânico quase colado – em termos de receitas, invertem-se as posições -, seguindo-se depois o americano, canadiano, francês, espanhol, alemão e brasileiro. Deve-se ter em conta que o Hotel Miragem Cascais, de uma maneira geral, tem uma ocupação de 55% de lazer, de junho a setembro, com julho e agosto a 100%, sendo os restantes 45% preenchido com clientes de negócios, reuniões, congressos, etc.
As apostas estratégicas
OT – No que concerne a apostas estratégicas do hotel, quais as que mais destaca e porquê?
JB – Constante renovação das tecnologias, produto e adaptabilidade da equipa para continuar a ser um dos melhores hotéis da região e manter a reputação que tem.
Abordadas que estão as questões mais prementes relacionadas com o Hotel Miragem Cascais, perguntámos a José Branco, qual a importância que atribui à hotelaria para a projecção internacional do destino Estoril-Cascais e, até mesmo, Sintra.
JB – A Hotelaria é a verdadeira ancora do projecção internacional de cada destino. Como se sabe o Estoril nasceu pelo empreendedorismo de alguns “entrepreneurs” portugueses da região para criar a “Riviera Portuguesa” e que colocou a região nos destinos mais procurados da aristocracia internacional. O nossa região Cascais-Estoril e até mesmo Sintra são o resultado de muito trabalho continuado da Junta de Turismo na altura, no Turismo de Cascais agora, da visão dos nossos autarcas e mais importante ainda do dinamismo dos empresários em manter o nível elevado de serviço e produto no seus hotéis, mantendo o investimento permanente na propriedade para estarmos actualizados e continuarmos a investir nos melhores e mais promissores mercados de negócio. Objectivo: Alcançar as expectativas dos nossos hóspedes e clientes que cada vez são mais altas e com maior especificidade e manter nichos de mercado.
OT – Portugal parece estar a sentir uma certa quebra, felizmente ainda não significativa. Será que o destino está a ficar “cansado” ou caro?
JB – Não. A quebra que se sente este ano em termos de ocupação não porque o país tenha perdido o interesse por parte dos turistas internacionais, mas sim porque este ano ressurgiram alguns destinos, como a Tunísia ou o Egipto, entre outros, que nos últimos anos e por diversos motivos, perderam o seu turismo, explica José Branco comentando que hoje, esses destinos estão a aliciar o turismo mundial com preços muito concorrenciais, permitindo aos operadores turísticos oferecer pacotes completos a preços quase imbatíveis. A isto, junte-se o aparecimento de outros destinos emergentes.
JB – O caminho a seguir não é baixar também os preços para ganhar clientes. Há é que procurar outros mercados e dar a conhecer o destino. O Turismo de Cascais tem optado e bem por se fazer representar como destino de qualidade em muitos eventos internacionais, incluindo os segmentos de luxo.
Refira-se a propósito que não houve quebras nas ocupações hoteleiras na Costa do Estoril, exceptuando algum caso especial, continuando a ser a região de Portugal com preços mais altos na Hotelaria.
A terminar esta entrevista com José Branco, director geral do Hotel Miragem Cascais, unidade que faz parte do portefólio do Grupo GJC Hotels, comenta a posição da Hotelaria na região do Estoril/Cascais:
JB – Jamais poderemos vacilar e temos que ser cada vez mais exigentes connosco próprios, fazendo cada vez melhor, mas também precisamos de ajuda das instituições governamentais para proteger, legislar e exigir a todos, seja hotel de 5 estrelas, hotel de 2 estrelas, alojamento local, hostel ou outro qualquer, de ter as condições de higiene e segurança, de serviço e reputação, para que a região e Portugal continuem a marcar pela positiva.
Luís de Magalhães