A Cabo Verde Airlines (CVA) que deveria agora retomar a actividade, parada por causa da pandemia, não deverá levantar voo tão cedo. Todos os voos da companhia aérea estão cancelados.
O anúncio foi feito esta terça-feira pelo governo cabo-verdiano que voltou este mês a assumir o controlo da CVA após a venda de 51% a investidores islandeses, alegando vários incumprimentos na gestão e dissolvendo de imediato os corpos sociais.
Num diferendo entre a administração islandesa e o governo cabo-verdiano, a companhia, que não realiza voos comerciais devido à pandemia, desde Março de 2020, tinha suspendido o plano de retoma da actividade, que previa progressivamente voos do arquipélago para Lisboa, Paris e Boston.
– A Cabo Verde Airlines vem por este meio, em aditamento à comunicação anterior, informar aos passageiros e público em geral que todos os voos foram cancelados, lê-se numa mensagem aos clientes divulgada esta terça-feira pela companhia.
Entre as preocupações do governo, que levaram à reversão de privatização da Cabo Verde Airlines (CVA – nome comercial adoptado desde 2019 para a TACV) constam o cumprimento com os procedimentos acordados de pagamento de despesas, registo contabilístico e contratação, a salvaguarda dos interesses da empresa e objectivos da parceria em consequência de envolvimento em actos e contratos que revelam substâncias e sérios conflitos de interesse, a contribuição para o reforço da capacidade económico-financeira e da estrutura de capital da companhia ou sobre a concretização integral da venda directa em prazo, condições de pagamento e demais termos.
Em Março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada.
A CVA, em que o Estado cabo-verdiano mantinha uma posição de 39% (restantes 10% vendidos a emigrantes cabo-verdianos e trabalhadores da companhia), concentrou então a actividade nos voos internacionais a partir do ‘hub’ do Sal, deixando os voos domésticos.
Até à nomeação dos novos titulares dos órgãos sociais, o mesmo decreto-lei estabelece que a companhia será representada e administrada por um gestor designado por despacho conjunto dos ministros das Finanças e do Turismo e dos Transportes, definindo ainda que a quota de 51% de acções da companhia é revertida a favor do Estado, mas sem concretizar sobre o pagamento de uma eventual indemnização aos accionistas islandeses.