O primeiro voo da Cabo Verde Airlines (CVA) em 15 meses, que deveria partir sexta-feira do Sal para Lisboa, foi cancelado alegadamente devido à falta da autorização da empresa pública que gere os aeroportos cabo-verdianos.
A companhia aérea tinha programado a retoma dos voos internacionais a partir do dia 18, inicialmente com uma ligação entre a ilha do Sal e Lisboa, com partida prevista para as 09:15 locais (11:15 de Lisboa), e regresso de Portugal, mas ao fim de várias horas de espera e informações contraditórias, o voo acabou por ser cancelado já durante a tarde.
Ao início da tarde, em declarações no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, o diretor executivo da CVA, Erlendur Svavarsson, rejeitou que a falta de autorização da ASA para a descolagem do Boeing 757 estivesse relacionada com alegadas dívidas da companhia à empresa pública, apontando antes uma falta de coordenação entre as duas entidades, garantindo que as despesas com o voo VR 602 estão em conformidade e esperando a autorização para a partida para as horas seguintes, o que não aconteceu.
Entretanto, o segundo Boeing com que a Cabo Verde Airlines vai retomar os voos internacionais chega ao arquipélago em Julho, disse à Lusa o director executivo, que promete que a companhia será uma alternativa importante às que já operam.
A Cabo Verde Airlines (CVA) anunciou em 31 de Maio a retoma dos voos internacionais em 18 de Jjunho, arrancando inicialmente com uma ligação entre a ilha do Sal e Lisboa, com regresso de Portugal no sábado, num retorno às operações que será gradual e far-se-á com dois aviões. É claro que a Cabo Verde Airlines é uma alternativa importante às transportadoras europeias que servem o arquipélago, afirmou Erlendur Svavarsson.
Para já, a companhia vai operar com um Boeing 757, que já está no arquipélago desde Abril passado, após um ano em situação de armazenamento nos Estados Unidos, devido à pandemia.
– A chegada da segunda aeronave está prevista para complementar a frota do nosso `hub` na ilha do Sal no início de Julho, aumentando ainda mais a confiabilidade e a eficiência da CVA”, acrescentou.
Em Março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
No entanto, no alargamento do plano de voos a CVA já disponibiliza bilhetes para o voo de 03 de Julho entre São Vicente e Paris (aeroporto Charles de Gaulle) e regresso no dia seguinte, que marcará a retoma, pela companhia, dos voos internacionais a partir da segunda ilha mais populosa de Cabo Verde.
Trata-se de um voo semanal (partida ao sábado com regresso ao domingo) com escala no aeroporto internacional do Sal, de onde parte e onde termina.
O mesmo regime de escala será aplicado de 28 de Junho até 28 de Março de 2022 pela CVA, com partidas do aeroporto da Praia, escala no Sal, com destino a Lisboa (sexta e segunda-feira), e semanalmente do Sal, com escala na Praia, com destino a Boston (Estados Unidos da América).
O diretor executivo insiste que a aposta da CVA é no `hub` do Sal, mas acrescenta que a companhia estará numa óptima posição para adicionar novas rotas conforme as condições da pandemia permitam. A programação actual é publicada até à Primavera de 2022 e acompanharemos de perto a procura de cada destino. A visão da nossa companhia aérea é ligar quatro continentes através do nosso `hub` na ilha do Sal, de forma eficiente e fiável, afirmou.
As companhias aéreas portuguesas SATA e TAP são as únicas que mantinham, até agora, ligações regulares das ilhas cabo-verdianas de São Vicente, Sal e Santiago à Europa e aos Estados Unidos, mas ambas estão sob intervenção do Estado português, devido às consequências da pandemia da Covid-19.
Implementação de novos sistemas
De acordo com informações da companhia, a retoma será gradual, conectando Cabo Verde através do ponto central na ilha do Sal, sendo que de 28 de Junho até 28 de Março de 2022, a CVA irá operar quatro voos semanais entre Praia/Sal e Lisboa às sextas e segundas-feiras, um voo semanal para e de Sal/Praia/Boston às terças com regresso às quartas-feiras e um voo semanal para e de Sal/São Vicente/Paris aos sábados com retorno aos domingos.
No comunicado a anunciar a retoma, lê-se que, dependendo da taxa de vacinação e do desbloqueio das fronteiras internacionais, é esperado o lançamento de novas frequências e destinos adicionais, assim que as condições pandémicas o permitam.
A companhia aérea informou que dispõe de um novo serviço de sistema de passageiros, denominado HITIT, uma plataforma moderna com uma solução de vendas, operações e contabilidade integrada. Uma nova tecnologia que irá aumentar a eficiência e a confiabilidade do apoio ao cliente.
A Cabo Verde Airlines esteve parada desde Março de 2020, contudo diz que aproveitou esta paragem forçada pela pandemia para se reorganizar, treinar as suas equipas e implementar um novo sistema de vendas que permite que os passageiros sejam automaticamente notificados de todos os voos em andamento.
A companhia informou igualmente que terá também um programa de reutilização de vouchers de voos que não tenham sido utilizados, o que permite que a viagem possa ser agendada até três anos após a emissão, um programa que ambiciona compensar todos os passageiros pelos voos cancelados como resultado da repentina pandemia que assolou todas as companhias aéreas.