As pessoas estão muito cansadas, têm vontade de sair, de viajar

afirma Helena Palma, directora da By Travel

Hoje, na rúbrica de divulgação de agências de viagens espalhadas por esse Portugal fora, fomos até à Venda do Pinheiro. Mais concretamente, à agência de viagens By Travel.

Para já, refira-se que o nome jurídico da empresa é Palma & Palma Lda.

No entanto, comercialmente, usamos a marca By Travel que é nossa. Quem o afirma é Helena Palma, directora e sócia da empresa. O sócio gerente da empresa é o seu pai, Manuel Palma.

Antes de criarmos a marca ByTravel, pertencíamos ao ‘franchising’ Bestravel que foi criado após a extinção da Golden Travel, grupo ao qual também pertencemos.

Possui o Curso Superior de Turismo pelo ISLA – técnica e guia interprete – e uma Licenciatura em Organização e Gestão Turística. Fez ainda uma pós graduação em Gestão Turística de Sítios no INP.

Helena Palma, depois de ter trabalhado três anos num navio de cruzeiros, o Princess Danae, da Classic International Cruises, decidiu regressar a Portugal. Face à decisão, a empresa de cruzeiros oferecei-lhe emprego nos escritórios em Lisboa.

A Classic International Cruises tinha então apenas dois navios: o Princess Danae e o Funchal. Quando comecei a trabalhar no escritório fiquei responsável pelas reservas do Princess Danae, pois conhecia muito bem o navio e também os operadores que fretavam o navio, tornando-se mais fácil a comunicação.

No final de 2001 o seu pai desafiou-a para que tivesse um negócio próprio em vez de trabalhar para outros.

Aceitei o desafio e em Maio de 2002 abrimos a nossa agência de viagens.

A nossa entrevistada justifica o facto de ter “instalado” a agência em Venda do Pinheiro pelo facto de não só ser uma localidade muito próxima de Lisboa como também estar a crescer e a desenvolver-se em termos populacionais, industriais, sendo o comércio já era e continua a ser muito expressivo.

Em 2002 a construção civil estava também a crescer muito em toda a zona, explica Helena Palma, acrescentando que Venda do Pinheiro tem um parque industrial bastante grande, com ligações rodoviárias Norte e Sul muito bem desenvolvidas.

Opção Turismo – Que razões se apresentaram para fazer parte do grupo By Travel?

Fizemos parte do grupo de ‘franchising’ Bestravel desde que foi criado em 2003 e até ao início de 2010, altura em que se vivia uma grande crise económica em Portugal.

Em 2009 começamos a sentir os efeitos da crise que se instalara em 2008, com as vendas descerem, embora os custos se mantivessem, relembra Helena Palma.

Continuando a explicação refere que a sua agência, juntamente com mais algumas agências, também Bestravel, reuniram-se com a Gecontur no sentido de baixar os custos do ‘franchising’ e assim tentarem todos superar a crise que estava já instalada e que se manteria durante alguns anos.

A Gecontur manteve a sua postura e não cedeu ao nosso pedido de ajuda para todas as agências do grupo. Decidimos criar a nossa marca By Travel e trilhar um caminho independente. Fomos sete agências fundadoras da marca, todas ex-Bestravel. E acrescenta:

Passado algum tempo outras agências que não se identificavam noutros grupos juntaram-se a nós e o grupo cresceu. A marca continua a ser dos fundadores que autorizam as agências que se associam a utilizar a mesma.

Quanto ao que foi o ano de 2020, a directora da By Travel/Venda do Pinheiro afirma que teria sido um ano fabuloso para o turismo em Portugal.

No sector das agências de viagens seria um ano como nunca antes vivido. Na minha agência seria um ano fantástico, com valores de facturação previstos nunca antes alcançados.

Recorda que em 2019 tinha fechado um acordo com três grupos grandes para o primeiro semestre de 2020 e vários outros com grupos mais pequenos (20-30 participantes) ao longo do ano.

Ainda conseguimos realizar um grupo de 20 pessoas a Marrocos em Fevereiro, mas os restantes já não se realizaram.

O lazer e o ‘corporate’, continuavam a crescer no início de 2020. Mas a partir de Março começamos a viver um filme de terror.

Nessa altura, confessa, valeu-lhes uma iniciativa da APAVT, com a criação da lei dos ‘vouchers’ que ajudou a todas as agências a manter alguma sanidade financeira.

No Verão, vendemos essencialmente Portugal (ilhas e algarve) e Espanha e no último trimestre vendemos aviação e Caraíbas, no final do ano. As empresas, entretanto, reduziram as suas deslocações em 90% e o lazer reduziu 100% em 2021…

Opção Turismo – Como vê o ano 2021?

O ano de 2021 será um ano menos mau que 2020. Acredito que possamos desconfinar a partir de Março e que no segundo semestre se comece a sentir os efeitos do controle da pandemia através da vacinação. Espero que a tão desejada retoma se faça sentir a partir do Verão. Estamos todos muito cansados desta situação, as pessoas tem vontade de sair e de viajar, diz Helena Palma, considerando que se os efeitos da vacinação forem os previstos e se sentirem confiança, os portugueses irão seguramente viajar.

No que concerne aos clientes da agência, destaca que, como quase todos os outros, já estão muito informados e sabem o que querem em termos de destino/itinerário quando os contactam, mas não dispensam a nossa opinião.

Querem um serviço de qualidade no atendimento e saber que podem contar connosco a qualquer hora do dia ou da noite.

Opção Turismo – Considera como boas as medidas tomadas pelo Governo, no que toca ao Turismo e em particular às agências de viagens, para “aliviar” a crise económica provocada pela pandemia da covid-19?

Vivemos tempos extraordinários, nunca antes vivido no turismo. Também o Governo não esperava tal hecatombe e evidentemente não estava preparado para tal. As medidas são as possíveis! Helena Palma considera que foi crucial a lei dos ‘vouchers’ em Abril 2020, acreditando que se isso não tivesse sido implementado muitas agências de viagens não teriam sobrevivido até hoje. – Também foi muito importante a negociação dos ‘vales’ da TAP. Isto foram boas medidas para as agências de viagens no curto prazo.

Opção Turismo – E consideram ser necessário mais apoios?

– Sem dúvida. Mas, temos também que olhar para o nosso Pais, para a nossa economia e ver onde se enquadram as agências de viagens.

Infelizmente o nosso peso, em termos de receitas fiscais é muito diferente do peso da hotelaria, por exemplo. E sendo assim, temos um peso diferente para o Governo e as medidas serão inevitavelmente diferentes.

Opção Turismo – Em sua opinião, o que mais pode ser feito para aliviar os prejuízos das agências de viagens?

Neste momento e enquanto a pandemia durar, só aumentando os apoios a fundo perdido. Não tendo como trabalhar não há outra hipótese.

A nossa interlocutora destaca que teve, comparativamente com 2019, uma quebra de 75% em 2020 e que estamos todos numa situação delicada.

Nesse sentido e a terminar esta entrevista, Helena Palma, directora e sócia da By Travel, na Venda do Pinheiro, considera serem justos os apoios a fundo perdido para quem comprovadamente necessita para manter o seu negócio.