É quase certo. As obras do aeroporto do Montijo não devem arrancar este ano, mas o ministro Pedro Nuno Santos diz que Portugal não pode prescindir de aumentar a capacidade aeroportuária em Lisboa.
– Parece-me difícil. Agora, que Portugal não pode prescindir de aumentar a sua capacidade aeroportuária na região de Lisboa, não pode. Isso é evidente. Nós estamos a passar por uma situação muito particular, mas que não vai durar para sempre, e no dia em que nós voltarmos a ter procura, temos que ter capacidade de resposta, que nós já não tínhamos, o ministro das Infraestruturas, em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo.
O governante notou que, se não fosse a pandemia da Covid-19, Portugal estaria, neste momento, a recusar milhares de voos para Lisboa. Mesmo assim, disse que o país não se pode dar ao luxo de não fazer este investimento, vincando que o processo tem que ser retomado o mais rápido possível.
O presidente da Comissão Executiva da ANA — Aeroportos de Portugal, Thierry Ligonnière, defendeu, quinta-feira passada, durante uma audição parlamentar na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, que apesar da crise potenciada pela Covid-19, não retira qualquer relevância ao aeroporto do Montijo.
Na sua intervenção, Ligonnière assegurou que, em 2019, o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, já não tinha possibilidade de gerar efeitos positivos para a economia nacional e, consequentemente, criar emprego. Assim, no actual contexto, torna-se ainda mais importante para mitigar os efeitos económicos de uma crise que se perspectiva muito grave, vincou.
Thierry Ligonnière afirmou que não podemos pôr o projecto do aeroporto do Montijo em pausa, acrescentando que temos de continuar a pôr o projecto a andar o mais rapidamente possível, para estar pronto em 2023, ano em que se prevê neste momento que o tráfego aéreo volte aos níveis pré-covid.
– O tráfego estará previsto para voltar aos níveis antes da Covid-19 em 2023 e a construção do aeroporto irá demorar 36 a 39 meses depois da assinatura da adenda do contrato de concessão, afirmou.
Em 08 de Janeiro de 2019, a ANA e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o actual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.
Entretanto, a associação ambientalista Zero anunciou sexta-feira que avançou com uma acção judicial contra o Estado para impugnar a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) emitida em Janeiro pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), e assim, travar o aeroporto do Montijo.
Na ocasião, refira-se, o parecer foi favorável condicionado, tendo sido acrescentadas 160 medidas de minimização e de compensação a serem cumpridas pela ANA-Aeroportos e que têm um custo de cerca 48 milhões de euros.
Entretanto, em defesa do novo aeroporto no Montijo saiu o presidente do Conselho de Administração da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), Luís Miguel Ribeiro, que diz que vai criar um pólo de emprego e contribuir para fixar população na margem sul do Tejo.