Na Região Demarcada de Colares, nasce em chão de areia, enrolado nas dunas do litoral, o néctar divino das castas autóctones, Ramisco e Malvasia de Colares.
Vinho saloio por excelência, Colares prima pela sua qualidade, reconhecida mundialmente.
Desde cedo, que o homem reconheceu na pobreza do solo arenoso da região, o dom da riqueza que, com paciência criaria o precioso vinho.
Da Idade Clássica, o vinho de Colares, passou para a Idade Média, mergulhado nas águas do litoral bravio do parque natural de Sintra Cascais. As actuais castas terão tido origem em França, introduzidas por influência de el-rei D. Afonso III, durante o século XIII da nossa era, o que tornaria o Ramisco, segundo alguns enófilos, o vinho mais francês de Portugal.
Dois tipos de solos, distinguem a região demarcada de Colares, produzindo ambos vinho tinto e branco. O famoso Chão de Areia e, o Chão Rijo, cujas castas diferem das anteriores.
Trabalhar o vinho em Chão de Areia, traz demasiados encargos e esforço, dificultado ainda pelo tempo necessário para o seu envelhecimento. Porém, as castas nascidas na areia, facilitaram o seu incremento comercial na sociedade, pela protecção que ofereciam, contra a praga, filoxera, que alastrava pelas restantes vinhas europeias, durante o século XIX.
O tempo permitiu a descoberta de um combate contra a mesma, que, devido ao excesso de trabalho e tempo que as vinhas de Chão de Areia obrigavam, foram sendo abandonadas em detrimento das que nasciam, com mais lucro, em solo rijo.
No entanto, o Ramisco de Colares é reconhecido, pela sua qualidade e sabor apurado, possuindo admiradores pelo mundo fora.
Actualmente, apenas umas dezenas de hectares em Chão de Areia, divididos por vários pequenos produtores, produzem o vinho de Colares
A cooperativa Adega Regional de Colares, iniciou a sua actividade em 1931, permitindo um apoio àqueles que ainda dão vida às nobres castas de colares, produto típico da região, mas sobretudo, um produto de cariz cultural, de merecido reconhecimento, divulgador de costumes centenários e da alma das gentes desta região.
Vera Cardoso