O Opção Turismo promoveu um pequeno inquérito junto das agências de viagens que tenham incoming. Pretende-se saber qual o impacto das Jornadas Mundiais da Juventude, que vão decorrer entre 01 e 06 de agosto, no negócio do incoming. Embora a data da realização do evento não é importante em termos de MICE-Meeting, Incentives, Conferences and Exhibitions, haverá (ou não) mais reservas de grupos nessa época ou variações nos valores das operações.
Em primeiro lugar, quis-se ouvir a opinião da APAVT-Associação Portuguesa das Agências de Viagem e Turismo e, nesse sentido, o Opção Turismo fez três perguntas a Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT.
Responde Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT
Opção Turismo – Que impacto tem, no negócio do incoming, a realização das Jornadas Mundiais da Juventude em Portugal. Que benefícios diretos podem advir do evento.
Pedro Costa Ferreira – Olhando para o sector como um todo, as jornadas deverão ter efeito direto relativamente residual, pelas próprias características do evento, muito assente, também, em viagens “auto-organizadas” e com apoios em casas particulares, acolhimento de associações cristãs, etc.
Contudo, sabemos que existem agências de viagens envolvidas, e para essas, naturalmente, o envolvimento significa mais vendas. Nalguns casos, estaremos perante operações relevantes.
Opção Turismo – Será que o enorme aumento da procura do nosso País pelos participantes tem ou terá impediu a venda de grupos habituais ou levou a algum aumento de preços?
Pedro Costa Ferreira – O mês em questão não é muito relevante, em termos de MICE, pelo que, à partida, me parece que, de um modo geral, a resposta é não, não terá impedido.
Por outro lado, é perfeitamente admissível que tenha ocorrido aumento de preços, sim, mas se os alojamentos estão completos, não me parece que alguém tenha ficado prejudicado. O mercado funcionou, ajustando o preço da oferta ao aumento da procura.
Opção Turismo – Algum outro comentário que pretenda fazer relativamente a esta matéria?
Pedro Costa Ferreira – Julgo que o efeito multiplicador macroeconómico será importantíssimo, não deveremos menorizar os efeitos, apenas porque uma boa parte dos participantes ficará alojada em locais de acolhimento não turístico — Não será por isso que não deixarão de passear, comer e gastar em comércio.
Por outro lado, penso que o efeito “promoção” deste evento será naturalmente muito importante. Não apenas pelo acompanhamento por parte da comunicação social internacional, como também porque os participantes terão um “cheirinho” de Portugal, que certamente os impelirá a voltar, acompanhados pela família.
Depois de termos conseguido a realização do evento no nosso País, fazermos do preço do palco “o assunto das jornadas”, diz muito da nossa incapacidade de evitarmos a “espuma dos dias”, focando-nos no que realmente interessa e perdurará. Diz também muito da nossa dificuldade em crescer, lutando contra a estagnação económica
Depois das declarações do presidente da APAVT, colocámos também três perguntas, diferentes, às agências de viagens
1º – Que impacto tem, no seu negócio, a realização das Jornadas Mundiais da Juventude em Portugal. A sua agência vai de alguma forma beneficiar diretamente com este evento?
2º – O enorme aumento da procura do nosso País pelos participantes impediu a venda de grupos habituais ou levou a algum aumento de preços?
3º – Algum outro comentário que pretenda fazer relativamente a esta matéria?
Responde Luís de Sousa, diretor da Mr. Travel
1º -Terá um impacto positivo uma vez que temos algumas reservas de pequenos grupos que estão diretamente relacionadas com as JMJ.
2º – Levou sobretudo a que aconselhássemos outros clientes que viriam a Lisboa nessa semana (para férias não relacionadas com as JMJ) a alterarem a data da viagem para evitar estar em Lisboa numa semana em que se espera muita gente
3º – A JMJ é mais uma excelente oportunidade de promoção de Portugal enquanto destino. Esperam-se milhares de jovens (que temos de tentar atrair para voltarem um dia mais tarde e noutro registo) e centenas de jornalistas (que seguramente aproveitarão o seu tempo para mostrar outros aspetos da cidade e do país). Temos de conseguir aproveitar para mostrar o melhor de Portugal!
Responde Paula Antunes, diretora da Compasso
1º – Como a Compasso é uma DMC especializada em M&I, sobretudo nos mercados nórdicos, não terá benefício com o evento.
2º – Não, pelo mesmo motivo apresentado na resposta anterior. As datas em que se realizam as JMJ, não são procuradas pela maioria dos nossos clientes.
3º – Penso que Lisboa, e Portugal como destino, beneficiarão do impacto que a organização deste evento trará, dada a projeção a nível mundial.
Responde Eduardo Caetano, diretor executivo da Portimar
1º – De momento não temos nenhum pedido de grupo relacionado, direta ou indiretamente, com este evento. Na parte de individuais existirão reservas para o evento, uma vez que o nosso sistema regista um maior fluxo de pedidos para essas datas, mas não conseguimos aferir com certeza.
2º – O aumento da procura tem dificultado a disponibilidade dos hotéis para aceitarem grupos, e a imposição de condições mais restritas para os mesmos. Relativamente ao aumento de preços, diria que o mesmo é generalizado e não exclusivamente para grupos.
3º – Em minha opinião, o aumento da procura do destino Portugal no seu todo, é benéfico para o setor, teremos é que saber acrescentar valor ao produto, o aumento de preços não pode assentar apenas no crescimento da procura, temos de conseguir acrescentar serviço, de modo a que este crescimento seja sustentável no futuro.
Responde João da Silva, diretor da Team Quatro
1º – As jornadas da JMJ não estão a ter nenhum impacto direto no nosso negócio por se tratar de um período completamente fora da época de eventos e de incentivos. Terá, quiçá, no negócio FIT. A nós não beneficia nada a menos que apareça, à semelhança do que se está a tornar um hábito algum grupo ultima hora.
2º – Como disse, tratando-se de uma época típica de férias de Verão não tem nenhum impacto em grupos no mercado alemão já que toda agente está de férias. Ao aumento de preços não vejo que possa ter levada já que os preços da hotelaria já estão inusitadamente elevados desde antes do anúncio das JMJ e desde o ano passado. Poderá talvez fazer subir os preços dos hostels, alojamento local, pensões, etc.. Será difícil os preços dos hotéis subirem mais do que já subiram. Não foram feitas grandes obras ou melhorias, a qualidade dos serviços não melhorou, no geral, substancialmente pelo que não vejo mais margem nem justificação para uma maior subida de preços.
Esperemos que isto não tenha o mesmo resultado do Europeu e de outros eventos em que milhares de pessoas pernoitaram nas regiões transfronteiriças e vieram às cidades durante o dia para o evento.
3º – Muito haveria a acrescentar mas nada no que se relacione com as JMJ que são um acontecimento de 30 a 40 dias no espaço de um ano com 365.