A Ryanair anunciou uma queda de 18% nos lucros do primeiro semestre, registando um resultado líquido de €1,79 mil milhões. A quebra deve-se a uma estratégia de redução de tarifas para atrair mais passageiros, o que resultou num aumento de 9% no tráfego e num recorde de 115 milhões de clientes. Apesar da aposta em preços mais baixos – com uma descida de 7% nas tarifas no segundo trimestre e 10% no primeiro semestre – a pressão sobre os lucros manteve-se devido ao aumento dos custos operacionais e aos atrasos na entrega de aviões por parte da Boeing.
Segundo a companhia, as receitas totais subiram 1%, para €8,69 mil milhões, enquanto a receita programada caiu 2%, para €5,95 mil milhões. Este desempenho foi afetado pelo deslocamento da época da Páscoa para o quarto trimestre do ano fiscal anterior, pela redução do poder de compra dos consumidores devido à inflação e taxas de juro elevadas, e pela queda nas reservas das agências de viagens online (OTAs) para o verão de 2024. Para manter a procura, a Ryanair manteve uma política de “load active/yield passive”, oferecendo preços atrativos que resultaram em ganhos de quota de mercado em vários países europeus.
A companhia registou um aumento de 10% nas receitas auxiliares, que chegaram a €2,74 mil milhões, e uma subida de 8% nos custos operacionais, totalizando €6,68 mil milhões. Este aumento nos custos foi compensado, em parte, por poupanças resultantes da cobertura de hedge de combustível, que ajudaram a mitigar as despesas mais elevadas com pessoal e outros custos decorrentes dos atrasos na entrega de aeronaves.
Expansão da Frota e Crescimento
Apesar dos atrasos nas entregas da Boeing, a Ryanair reforçou a sua frota com 172 aeronaves B737 Gamechangers até outubro. Estes atrasos, devido a greves, obrigaram a companhia a ajustar a sua meta de crescimento para o ano fiscal de 2026, reduzindo-a de 215 para 210 milhões de passageiros, de forma a evitar sobrecargas operacionais.
No verão de 2024, a companhia lançou cinco novas bases e mais de 200 novas rotas, transportando um recorde de 20,5 milhões de passageiros apenas em agosto. A Ryanair continua a alocar capacidade para regiões que promovem o crescimento, como Suécia, Hungria e algumas regiões de Itália, que eliminaram ou reduziram impostos sobre a aviação.
Sustentabilidade
A Ryanair destacou o seu compromisso com a sustentabilidade, sendo classificada como a companhia aérea europeia líder em ESG por entidades como Sustainalytics e MSCI. A empresa recebeu a validação das suas metas ambientais pelo Science Based Targets initiative (SBTi), comprometendo-se a reduzir as emissões de CO₂ em 27% por passageiro/km até 2031. Durante o primeiro semestre, a Ryanair recebeu 24 aeronaves B737-8200, que consomem 16% menos combustível e emitem menos CO₂, além de aumentar o uso de winglets para reduzir o consumo de combustível e ruído.
Perspetivas para o Futuro
Para o ano fiscal de 2025, a Ryanair prevê transportar entre 198 e 200 milhões de passageiros, desde que não haja novos atrasos nas entregas da Boeing. A empresa espera manter os custos unitários estáveis, com as poupanças de hedge de combustível a compensarem parcialmente a inflação dos custos operacionais. A Ryanair afirma que a procura para o terceiro trimestre é forte, com os preços a estabilizarem, embora as previsões para o quarto trimestre permaneçam incertas devido à ausência da Páscoa, que este ano não será contabilizada neste período.
A companhia encerra o comunicado sublinhando que o resultado final do ano dependerá de não ocorrerem desenvolvimentos adversos nos próximos cinco meses, tais como conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente, restrições de capacidade por falta de pessoal no controlo de tráfego aéreo e novos atrasos nas entregas da Boeing.