Fundada em 2018, o operador turístico Culturália, nasceu “de uma vontade muito simples: criar viagens com conteúdo”, explicou Carla Almeida, coordenadora e responsável pela conceção dos roteiros e pela estratégia da empresa. A agência online especializa-se em viagens culturais temáticas, oferecendo experiências que conciliam “o prazer de viajar com o prazer de saber”.
Segundo Carla Almeida, a ideia surgiu da perceção de que “havia em Portugal uma oferta turística abundante, mas pouco espaço para quem procura viajar com um olhar curioso, interessado pela história, pela arte e pela identidade dos lugares”. Assim, a Culturália surgiu “para preencher essa lacuna — oferecer roteiros que combinam descoberta cultural e prazer de viajar, com guias especializados e itinerários construídos com rigor e originalidade”.
Atualmente, a empresa conta com uma equipa reduzida, mas dinâmica. “A coordenação é feita por mim, contamos com um colaborador responsável pelo apoio operacional e estamos a integrar um terceiro elemento para acompanhar o crescimento da atividade e o aumento de reservas”, explicou. Além disso, a Culturália colabora “regularmente com guias-intérpretes especializados, guias locais e parceiros culturais em várias regiões do país”.
Roteiros com narrativa e curadoria própria
Questionada sobre o que distingue a Culturália de outros operadores turísticos,
Carla Almeida é clara: “A diferença está na curadoria e na narrativa. Os nossos roteiros são todos criados por nós, de raiz. Cada roteiro é pensado como uma história coerente — com um fio condutor cultural, literário ou histórico.”
A empresa evita circuitos genéricos e privilegia “mostrar o lado menos óbvio dos destinos”. O envolvimento de guias com ligação ao território é outro fator-chave: “Garantimos experiências verdadeiramente interpretativas, e não apenas descritivas.”
Na prática, “a componente cultural não é um adorno — é o centro da experiência”. Cada visita tem um propósito, mas “sempre com tempo para saborear o destino, conviver e desfrutar dos locais”.
Dois públicos, uma missão
A Culturália atua em dois segmentos principais. “No mercado interno, trabalhamos sobretudo com grupos fechados — empresas, universidades seniores e associações — que procuram viagens personalizadas, mantendo também uma oferta própria de roteiros culturais e temáticos abertos ao grande público.” No mercado internacional, a empresa atua como DMC, recebendo “grupos de agências estrangeiras interessadas em roteiros culturais de 4 a 12 dias em Portugal”.
Estes viajantes, destaca Carla, “são, em geral, viajantes cultos, exigentes e interessados em experiências diferenciadas”.
O interesse por viagens culturais tem vindo a crescer. “Há uma procura crescente por turismo com valor, que valorize o património, a identidade e a autenticidade local. Os turistas querem viagens para construir significado e alargar a sua compreensão da vida”, sublinha. A pandemia, acrescenta, “acelerou esse movimento: as pessoas querem experiências mais significativas, em grupos pequenos e com profundidade cultural”.
Cultura em todo o território
A escolha dos destinos começa “quase sempre com uma história — um tema, um período histórico ou um elemento da cultura portuguesa”. A partir daí, constrói-se uma narrativa.
Carla Almeida reforça que a cultura não está apenas nas capitais: “O interior guarda uma autenticidade e uma riqueza extraordinária, a nível de património material e imaterial, que merecem ser descobertas.”
Aos viajantes estrangeiros, a Culturália oferece “um Portugal profundo, aquele das tradições, dos mosteiros, dos escritores e da gastronomia”. Já aos portugueses, propõe “mostrar o país de forma diferente, com temas originais e abordagens que ligam a viagem ao conhecimento e à curiosidade cultural”.
Operação online e grupos reduzidos
A empresa funciona exclusivamente online, o que, segundo Carla, “permite chegar a públicos diversificados e manter custos controlados”. Contudo, reconhece que “o desafio está na criação de confiança, especialmente junto do público mais sénior”, o que é compensado “com um acompanhamento muito personalizado”.
Os grupos organizados pela Culturália variam, por norma, entre 20 e 25 participantes no mercado interno e dimensões menores nas viagens internacionais, “para garantir conforto e qualidade”. Carla Almeida afirma “Dimensões menores é a nossa preferência, mas na verdade aparecem pedidos para grupos de qualquer dimensão.”
O formato “tudo incluído” é o mais procurado, afirma Carla: “Transmite segurança e facilita a gestão, tanto para o cliente final como para as agências parceiras. Além disso, permite-nos garantir a qualidade dos serviços e evitar surpresas nos custos.”
Rentabilidade e feedback positivo
A rentabilidade, explica, “depende do número de participantes e da época do ano”. Os roteiros de três a quatro dias são os mais equilibrados, enquanto “as viagens longas voltadas ao público estrangeiro são mais estratégicas, pois geram maior valor e visibilidade internacional”.
O feedback dos clientes e das agências tem sido “muito positivo”. Os viajantes valorizam “a coerência cultural dos programas e a forma personalizada e próxima como são acompanhados”, enquanto as agências destacam “a capacidade de criar roteiros diferentes, bem organizados e com forte componente interpretativa”.
Muitas melhorias e novos programas surgem das sugestões de participantes e guias. “Alguns roteiros nasceram precisamente de sugestões de clientes que queriam revisitar Portugal por temas — literários, históricos ou religiosos.”
Parcerias e expansão internacional
Enquanto DMC, a Culturália desenha experiências “para grupos estrangeiros que procuram um Portugal verdadeiro e de conteúdo, longe das multidões”. Estas incluem “temáticas literárias, religiosas e patrimoniais, combinando visitas guiadas com experiências locais — provas, encontros com artesãos, espetáculos ou visitas privadas”.
As parcerias com agências portuguesas e estrangeiras são “essenciais”, refere Carla. “São os nossos principais canais de distribuição e permitem-nos chegar a públicos que, sozinhos, não conseguiríamos alcançar.”
Com os olhos no futuro, a Culturália quer “consolidar parcerias estáveis em Portugal e em mercados internacionais estratégicos como América do Norte e Brasil”. O objetivo é crescer “de forma sustentável, mantendo sempre a qualidade e o carácter diferenciador dos programas”.
Sustentabilidade cultural e ambiental
A sustentabilidade é parte integrante da operação. “Trabalhamos com grupos pequenos, privilegiamos fornecedores locais e procuramos reduzir deslocações desnecessárias”, adianta.
Carla dá exemplos práticos: “Incentivamos o uso de cantil em vez de garrafas de água e a reutilização das toalhas de banho nos hotéis.” Além disso, “os roteiros valorizam o património e as comunidades locais, o que gera impacto económico positivo nos territórios visitados”.
Mas a sustentabilidade é também cultural. “É dar visibilidade a tradições e modos de vida que merecem ser preservados”, defende.
Olhar para o futuro
Quanto ao futuro, Carla Almeida antevê uma empresa sólida e reconhecida: “Vemo-la como uma referência nacional no segmento de turismo cultural, com uma rede consolidada de parceiros nacionais e internacionais e uma oferta sempre renovada de roteiros temáticos em Portugal.”
O maior desafio será “equilibrar o crescimento com a rentabilidade”, mantendo o foco na experiência do cliente e na criação de produtos diferenciados.
E se tivesse de resumir a Culturália numa só palavra? Carla Almeida não hesita: “Conteúdo.”
A Culturália, que se afirma como uma referência no turismo cultural em Portugal, continua a apostar em roteiros com conteúdo, autenticidade e ligação ao território. Mais informações e programas disponíveis em www.culturalia.com.pt





