Na V Convenção da DIT Gestión, que decorre até 2 de novembro em Huelva, Espanha, a mensagem central transmitida pela direção do grupo foi clara: reforçar a integração entre Espanha e Portugal e consolidar um projeto ibérico sólido, com ferramentas e produtos cada vez mais adaptados às necessidades específicas das agências de viagens portuguesas.
Lander Arriaga, diretor geral da DIT Gestión, destacou que esta edição da convenção tem um significado especial, por ser a primeira em que assume simultaneamente a direção de Espanha e de Portugal. “É uma convenção muito importante, porque queremos não apenas criar um grupo forte em Portugal, mas sim o maior grupo ibérico que existe até agora”, afirmou.
O responsável sublinhou ainda que o foco passa por reforçar a presença e competitividade das agências portuguesas, beneficiando da estrutura consolidada de mais de 1.100 agências em Espanha. “Estamos a aproveitar essa força e poder de negociação para beneficiar também o mercado português, oferecendo produtos e serviços que respondam às exigências das agências em Portugal”, referiu.
Entre os destaques estão os produtos e ferramentas do ecossistema Haiku – uma gama exclusiva para as agências da DIT, que inclui o Haiku Hoteles, Haiku Boss, Haiku Cruceros Corporate e Haiku Car, além de soluções de seguros. “Trabalhámos muito para adaptar estas ferramentas às especificidades do mercado português, especialmente na área da contabilidade e da fiscalidade”, explicou Lander Arriaga, acrescentando que já existe equipa dedicada em Lisboa a prestar apoio direto às cerca de 110 agências DIT Portugal.
Para o diretor comercial, César Clemente, o foco da expansão não está apenas no crescimento numérico, mas na qualidade do serviço prestado. “Para nós, os números não são importantes. O importante é o que queremos: não queremos ser os maiores, queremos ser os melhores”, reforçou.
Diferenças entre mercados e autonomia das equipas
A diferença entre os mercados português e espanhol é um dos pontos centrais da estratégia da DIT Gestión, e um tema que o diretor geral, Lander Arriaga, fez questão de sublinhar durante a entrevista. Segundo o responsável, “há necessidades diferentes de um país para outro, e até dentro do mesmo país as realidades variam muito”. Em Portugal, por exemplo, “as agências e os clientes do Porto e de Lisboa são completamente distintos”, explicou.
Para responder a essas particularidades, a DIT estruturou uma gestão descentralizada e autónoma, com equipas dedicadas em ambos os mercados. “Portugal tem total autonomia em termos de pessoal, contratação e ferramentas”, destacou Lander Arriaga, lembrando que a DIT Gestión já dispõe de escritórios e equipas próprias em Lisboa.
Ainda que o grupo aposte numa integração ibérica, a filosofia é clara: reforçar a autonomia e identidade de DIT Portugal, tirando partido da estrutura espanhola sem perder a personalização local. “A força da DIT Espanha tem de servir para criar o maior grupo ibérico, mas sempre com total independência em Portugal”, garantiu.
Novidades tecnológicas e automação de processos
Entre as principais novidades apresentadas na conferência de imprensa estão as melhorias tecnológicas nas ferramentas internas e na intranet, desenvolvidas para automatizar processos e reduzir o tempo gasto em tarefas administrativas.
“O problema que identificámos é que as agências de viagens perdem muito tempo em tarefas administrativas e não em vendas. O nosso objetivo é mudar isso”, explicou Lander Arriaga. Segundo ele, os novos sistemas permitem que uma agência “faça em 15 minutos o que antes demorava meia hora”, graças à integração total entre todos os módulos da plataforma — desde o motor de reservas e o programa de contabilidade até à intranet e ao website.
O sistema Haiku é o primeiro no mercado a oferecer uma visão 360º totalmente interligada, incluindo também um CRM próprio que permite às agências controlar e segmentar a sua base de clientes, criar campanhas personalizadas e acompanhar os resultados em tempo real.
Outro avanço importante é o painel de controlo de vendas, que dá às agências associadas uma visão clara dos seus resultados e objetivos. “Muitas vezes, as agências não sabem o que venderam, se atingiram o rappel com um operador, ou se estão perto da meta. Queremos mudar isso”, referiu Arriaga. Agora, através da intranet, os agentes podem comparar o desempenho atual com períodos anteriores, seja por empresa, vendedor ou produto.
Ferramentas para clientes finais e agências corporativas
Outra novidade de relevo apresentada na convenção foi o reforço das ferramentas de gestão e contacto com o cliente final, especialmente para as agências corporativas e independentes.
Lander Arriaga explicou que, através do programa de contabilidade próprio da DIT Portugal, cada agência pode monitorizar em tempo real a sua performance, incluindo descontos, vendas e lucros. “O empresário da agência saberá, a qualquer momento, qual é a sua situação em relação a esses descontos. Pode orientar a venda e perceber realmente qual é o seu negócio”, explicou. Esta visão detalhada permite às agências tomar decisões mais estratégicas e aumentar a rentabilidade, uma ferramenta crucial num mercado cada vez mais competitivo.
O grupo tem também apostado no segmento corporativo, criando uma secção exclusiva para agências que lidam com empresas, com tarifas diferenciadas de hotéis e voos, condições de cancelamento adaptadas e discriminação fiscal específica. “Estamos a estudar desenvolver um sistema completo para estas agências, incluindo hotéis, voos, aluguer de carros e outros serviços exigidos pelo cliente final”, revelou Arriaga.
Outra inovação tecnológica de destaque é a aplicação móvel para clientes finais, desenvolvida em Portugal e disponível em iOS e Android. Esta app permite que os clientes façam reservas de forma simples, acedam a faturas e vouchers, e contactem diretamente a agência através de um chat interno. “É uma forma de evitar trabalho repetitivo às agências, porque o cliente consegue gerir tudo sozinho”, explicou Arriaga.
Segundo o diretor geral, esta aplicação dá às agências independentes uma vantagem competitiva semelhante à de grandes players internacionais, como Tryp.com ou Expedia, mas com a personalização e proximidade de uma agência local. “Como grupo, com 1.100 agências, é rentável investir numa aplicação destas, permitindo que mesmo uma agência independente tenha uma ‘arma’ tecnológica poderosa no mercado”, concluiu.
O impacto da integração com a Ávoris
Um dos pontos fortes abordados na convenção foi o impacto do acordo com a Ávoris na operação da DIT Gestión. Lander Arriaga destacou que, apesar de algumas mudanças na burocracia, “para mim, mudaram menos coisas do que parece. Antes éramos uma empresa familiar muito flexível; agora, temos 6.500 funcionários diretos e 40.000 indiretos, o que torna alguns processos mais formais, mas também mais seguros”.
Segundo Arriaga, a integração na Ávoris trouxe acesso a recursos especializados que antes seriam difíceis de alcançar, incluindo advogados, desenvolvedores e especialistas em TI. Ao mesmo tempo, a DIT manteve a independência estratégica essencial para o sucesso junto das agências de viagens independentes: “Eles sabem que se a DIT funciona é porque continua a ser feita desta forma.”, sublinhou.
Essa autonomia permite à DIT oferecer condições exclusivas e vantajosas para os associados, incluindo mais pontos de comissão e ‘rappel’ nunca antes vistos em determinados fornecedores, reforçando a competitividade das agências no mercado. Arriaga mencionou ainda acordos preferenciais com operadores como a Haiku Hoteles, que oferecem tarifas “Last Minute” exclusivas às agências associadas, inacessíveis a outras agências fora do grupo.
O diretor geral aproveitou para frisar a necessidade crescente de grupos de gestão de agências, especialmente frente à concorrência agressiva das OTAs e plataformas online. “Um bom grupo de gestão é necessário para dar apoio, tecnologia e ferramentas que seriam impossíveis de alcançar individualmente. Não se trata apenas de aumentar 2% de comissão, mas de oferecer recursos estratégicos para o dia a dia das agências”, explicou.
No âmbito do motor HAIKU, Arriaga detalhou a abordagem estratégica do grupo: a ferramenta tecnológica integra múltiplos operadores turísticos, permitindo às agências escolher automaticamente o melhor fornecedor para cada hotel ou serviço, garantindo preços competitivos sem sacrificar o nível de serviço personalizado, que permanece próximo e dedicado exclusivamente às agências DIT Portugal. “Conseguimos oferecer um serviço 24 horas, evitar overbooking e tratar cada agência pelo nome. Para mim, isto é estratégia: não vender hotéis, mas apoiar o dia a dia da agência”, concluiu.
Crescimento sustentável e relação com as agências
Para concluir, Arriaga reforçou a rentabilidade e eficiência proporcionadas pela automatização, integrando o Haiku com o programa DIT Conta: “Tudo é automático. A reserva está na intranet, a fatura já está feita. Automatizamos processos para que as agências possam focar-se nas vendas”.
O objetivo para Portugal é claro: crescer de forma qualificada, com cerca de 400 a 500 agências, mantendo tecnologia própria e serviços exclusivos. “Não queremos volume, mas sim trabalhar de forma correta, com confiança e respeito pelas agências independentes. Sem ser um gigante, mas com carinho e proximidade”, sublinhou Arriaga.
O diretor geral destacou ainda a profissionalidade das agências portuguesas e dos clientes finais, considerando-os muito exigentes e colaborativos: “Quando lanças um produto, eles testam, apontam erros, dizem o que precisa ser melhorado. Isso é muito valioso”.
O diretor geral traçou também objetivos concretos para o mercado português: “Queremos, em alguns anos, ter cerca de 400 a 500 agências. Não buscamos volume exagerado, mas crescer com qualidade, confiança e respeito pelas agências independentes, oferecendo tecnologia exclusiva e adaptada às suas necessidades”. Esta abordagem reforça a focalização no serviço personalizado, diferenciando a DIT Portugal de grandes operadores e grupos internacionais.
Por fim, reforçou a integração entre Portugal e Espanha: “Tudo o que Portugal contribui interessa a Espanha, e tudo o que Espanha contribui interessa a Portugal. O nosso objetivo é ser o grupo ibérico mais forte, crescendo de forma sustentável e sendo o melhor, não apenas o maior”.





