Apesar da transformação urbana, há profissões que resistem ao tempo e continuam a marcar o ritmo de Lisboa. A Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa sublinha o valor destes ofícios na memória coletiva e na autenticidade urbana.
A região de Lisboa tem sido permanente transformada, mas há profissões que continuam a marcar o seu quotidiano através de ofícios como o trabalho dos engraxadores, a presença dos polícias sinaleiros e outras atividades que, embora cada vez mais raras, permanecem como testemunhos vivos da identidade local. Estas figuras discretas, transportam consigo tradições que resistiram ao tempo.
Em algumas ruas e praças de Lisboa, os engraxadores preservam a sua arte. O ofício remonta a 1806, quando um operário poliu as botas de um general francês e recebeu uma moeda de ouro como recompensa.
Ao longo dos anos, tornou-se uma profissão reconhecida na cidade, com caixas de madeira contendo latas, escovas e utensílios, símbolos de cuidado e proximidade. Ainda hoje é possível encontrar alguns em locais específicos, mantendo viva uma tradição urbana centenária.
Também os polícias sinaleiros permanecem em pontos estratégicos do trânsito, recordando a época em que a circulação se regulava apenas por gestos.
A figura surgiu em 1927, com agentes que usavam capacetes brancos e braçadeiras vermelhas, conhecidos como “cabeças de giz”. Apesar da função ter diminuído, conserva valor simbólico e reforça a imagem de uma cidade atenta à ordem no espaço público.
Os amoladores de facas e tesouras percorrem bairros e mercados com bicicletas adaptadas e rodas de afiar, oferecendo um serviço que remonta ao século XVIII. O som que anuncia a sua chegada faz parte da memória da região e testemunha a continuidade de uma tradição itinerante, singular no quotidiano lisboeta.
Já os cauteleiros mantêm viva a prática do contacto direto. A profissão surgiu em 1783, quando a Rainha D. Maria autorizou a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a realizar sorteios para angariar fundos para causas sociais. Conhecidos pelo grito característico “Anda à roda, anda à roda”, vendem bilhetes de lotaria nas ruas, mantendo vivos rituais que resistem à digitalização e continuam a integrar o quotidiano lisboeta.





