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Sustentabilidade: descomplicando a certificação

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A sustentabilidade é hoje uma exigência incontornável no setor do turismo. No entanto, permanece uma perceção errada, especialmente entre as micro e pequenas empresas, de que a certificação é um processo complicado, caro e sem vantagens claras. Foi precisamente esse o tema do painel «Sustentabilidade: Descomplicando a Certificação», no 13.º Congresso da APECATE, onde tive o privilégio de partilhar o palco com a Carolina Mendonça (DMO Azores) e o Tiago Fortuna (ComunicAir/A2Z), superiormente moderados  pela Elsa Gavinho (Portugal Nature Trails).

A ideia de que “é uma maçada”, “não vale a pena” ou “não temos tempo nem equipa” é comum. Mas será verdade? A maioria das empresas do setor em Portugal — sejam de congressos, eventos, animação turística ou agências e operadores turísticos — são pequenas; aliás, micro e PMEs. E nelas, poucos, concentram muitas funções. Sabemos disso. Mas sabemos também que, cada vez mais, trabalhar sem certificação poderá simplesmente deixar de ser uma opção.

Para responder à pergunta “vale mesmo a pena?”, resolvi dar voz a quem contrata serviços turísticos em Portugal. Convidei duas empresas a partilharem a sua perspetiva — a Weltweitwandern, operador austríaco que programa Portugal, e a Portimar, DMC reconhecida que traz dezenas de milhares de turistas estrangeiros ao nosso país. Ambas foram claras: para garantir que estão a oferecer uma operação sustentável aos seus clientes, é fundamental trabalhar com parceiros certificados. A sustentabilidade, afinal, faz-se em cadeia de valor.

É então importante ter uma certificação, não restaram dúvidas. Que certificações? Também aqui os operadores foram unânimes: é crucial optar por certificações reconhecidas internacionalmente, auditadas, que ofereçam garantias de credibilidade. Um bom ponto de partida é a TSCA – Tourism Sustainability Certifications Alliance, que reúne certificações independentes e amplamente reconhecidas: Biosphere, Green Globe, Good Travel Seal (Green Destinations), Ecotourism Australia, Green Key, TourCert, Travelife for Accommodation e Travelife for Tour Operators. Há mais, mas estas são sempre escolhas seguras.

E são assim tão complicadas? Para responder a essa questão, pedi à Alexandra Melo, fundadora da In Land Portugal — uma microempresa de animação turística recentemente certificada com o GTS (Good Travel Seal), da Green Destinations — que partilhasse a sua experiência. A resposta foi simples: “foi um processo simples e descomplicado”, embora mais longo do que esperava. A razão? Cada etapa é verificada e implica melhorias reais. É isso que garante a credibilidade da certificação.

E os custos? Primeiro, importa dizer que o valor está, em regra, associado ao número de colaboradores, e começa nas centenas de euros anuais — não nos milhares — salvo para empresas já com alguma dimensão. Segundo, não se trata de mudar tudo de um dia para o outro. As certificações de sustentabilidade implicam compromissos, melhorias graduais e mudanças de atitude. Os investimentos acontecem quando possível. E não esqueçamos: práticas sustentáveis trazem, muitas vezes, poupanças.

Como referiu, e bem, a Carolina Mendonça, e como todos no painel acabámos por reforçar: este é um passo necessário. Quanto mais cedo o dermos, melhor. Num futuro próximo, operar sem certificação poderá deixar de ser viável. Estar na vanguarda é sempre uma vantagem. Ainda está à espera?

Pense Sustentabilidade!

Paulo Brehm, Consultor de Sustentabilidade