A confederação do turismo diz que a preocupação com a construção do novo aeroporto de Lisboa se agravou e que se levar 20 anos é demasiado tempo, admitindo que ainda pode haver mudanças com as eleições.
“Atualmente, estamos muito, muito preocupados com Alcochete. Eu dizia – de brincadeira – que não sabia se alguma vez ia embarcar em Alcochete. Agora digo que não sei se alguma vez vou ver Alcochete. Estou preocupadíssimo com a sua construção. Acho que vai demorar 20 anos e o turismo português não aguenta 20 anos sem ter o aeroporto”, disse o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, à Lusa.
Uma preocupação, garantiu, que a CTP tinha antes de o Governo cair e que se acentuou.
Com um Governo de gestão, o que perturba nesta matéria é, sobretudo, processos importantes como “as negociações com o concessionário [dos aeroportos, a Ana] pararem” ou decisões fechadas sofrerem atrasos.
E o que nos reserva o dia seguinte às eleições
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal admite estar preocupado, não só com a conjuntura, mas “com o dia a seguir” às eleições, por não se vislumbrar uma maioria, e diz ser dramático reformas estruturais estarem paradas.
“Não me canso de repetir que para o turismo, para a economia e para o país não é bom haver uma crise política. O que é que as economias, o que é que as empresas, o que é que os investidores – que é algo que precisamos tanto – precisam? De estabilidade. Tem que se saber que se vai investir num país em que o amanhã é igual ao de hoje. E ao que é que assistimos? Assistimos que há cerca de um ano, um partido com maioria absoluta – coisa raríssima na Europa mas que existiu em Portugal – caiu antes da legislatura”, começou por recordar Francisco Calheiros à Lusa.
Entretanto, “há novas eleições e há um novo partido, esse sim, sem maioria absoluta, e insisto – a três dias de fazer um ano – cai. Isto é completamente impossível. Temos um partido que acaba de ser eleito há menos de um ano. Tem que formar governo, convida ministros novos, forma secretários de Estado, forma gabinetes, conhece os dossiês, apresenta um programa de governo, vai à votação. Quer dizer, estamos praticamente a dar os primeiros passos”, e o país vai de novo a eleições”, insurge-se Francisco Calheiros, destacando “há uma quantidade de coisas em ‘pipeline’ [projetos no papel] para o curto prazo” e que isso é que é importante, porque “cria valor”.
Em 11 de março, o parlamento chumbou a moção de confiança apresentada pelo Governo, provocando a sua demissão.