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Companhias aéreas europeias estão a abandonar a China

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Nos últimos meses, diversas companhias aéreas europeias têm anunciado a redução de operações ou até a retirada total do mercado chinês, devido à queda na procura. Nomes de destaque como Finnair, Lufthansa, Virgin Atlantic, British Airways, SAS Scandinavian Airlines e LOT Polish Airlines reduziram significativamente as frequências ou abandonaram rotas. Desde o início do ano letivo de 2024, este movimento tornou-se evidente, refletindo uma tendência crescente de afastamento do mercado chinês.

Em agosto, a British Airways suspendeu a rota Londres-Pequim por um ano. Pouco depois, a Virgin Atlantic anunciou o encerramento do histórico trajeto Londres-Xangai, após 25 anos de operação. Já em outubro, a Lufthansa confirmou a cessação dos voos diários entre Frankfurt e Pequim, com efeito a partir de 26 de outubro. No mesmo sentido, a SAS prevê encerrar, nas próximas semanas, os voos entre Copenhaga e Xangai, enquanto a LOT descontinuará a rota Varsóvia-Pequim, relançada apenas em junho deste ano.

De forma discreta, várias companhias europeias estão a reduzir a capacidade nas rotas para a China, justificando esta decisão – quando o fazem – com as condições de mercado e a procura estagnada.

Concorrência Desleal

Um dos fatores apontados para este cenário é a concorrência das companhias aéreas chinesas, que operam com custos significativamente mais baixos e continuam a beneficiar de acesso ao espaço aéreo russo. Desde o início do conflito na Ucrânia, as transportadoras europeias perderam esta possibilidade, enfrentando rotas mais longas e dispendiosas.

Marjan Rintel, CEO da KLM, descreveu o impacto destas restrições: “Demoramos mais duas horas para chegar à China, o que exige mais quatro tripulantes e, claro, mais combustível – algo que não está barato atualmente. É frustrante e prejudica as nossas relações. Estamos em competição internacional, mas com restrições que os outros não têm.”

Rintel apelou à Comissão Europeia para implementar medidas que mitiguem a desigualdade competitiva, como a introdução de controlos de preços ou outras políticas que reequilibrem o mercado Europa-China.

Oportunidades para as Companhias Chinesas

Por outro lado, as transportadoras chinesas têm aproveitado este momento para expandir as suas operações. No verão de 2024, a frequência de voos operados por companhias chinesas aumentou 50% em relação ao verão de 2023, com um crescimento de 74% nas ligações programadas para a Europa, resultando em mais 6.331 voos, segundo a  OAG.

Londres destacou-se como o principal ponto de entrada para as companhias chinesas na Europa, com 2.407 voos no verão de 2024, um aumento de 35%. A capital britânica superou Frankfurt, enquanto Paris caiu para o quarto lugar.

De acordo com a OAG, “as companhias aéreas chinesas estão a adotar uma estratégia de ‘construir a rede e os passageiros virão’, expandindo rotas de longo curso onde quer que seja possível, independentemente da procura atual.” A Hainan Airlines é um exemplo recente, ao anunciar o lançamento de uma rota Madrid-Shenzhen, com início previsto para 19 de novembro.