Início breves Turismo de Massas e Plantas Invasoras: Ameaças à Laurissilva da Madeira

Turismo de Massas e Plantas Invasoras: Ameaças à Laurissilva da Madeira

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O turismo de massas e as plantas invasoras são apontados como as maiores ameaças à floresta laurissilva da Madeira, alertou hoje o investigador José Maria Fernández-Palacios durante a cerimónia de abertura do programa comemorativo dos 25 anos da laurissilva como Património Mundial Natural da UNESCO.

Com cerca de três milhões de turistas anuais, a Madeira enfrenta desafios significativos na gestão do impacto humano sobre a sua floresta. Segundo Fernández-Palacios, “a maioria dos turistas desconhece os valores naturais da região”, e muitos acabam por exercer uma pressão excessiva sobre os ecossistemas. Embora os turistas que procuram desfrutar da natureza de forma consciente não sejam problemáticos, o investigador foi claro ao ironizar: “o melhor lugar para os outros turistas é no hotel”.

A situação da laurissilva na Macaronésia, que inclui Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde, é preocupante. Apenas 10% da fração original desta floresta permanece, e em muitas regiões, como os Açores e grande parte das Canárias, o estado de conservação é “bastante mau”.

Ameaça das Plantas Invasoras

Além do turismo, plantas exóticas e infestantes representam uma ameaça crescente à integridade da floresta, exigindo intervenções constantes para mitigar os danos. Segundo o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, este é um dos maiores desafios para a preservação da laurissilva, e o seu controlo depende de investimentos avultados e contínuos.

“Manter este património implica milhões em monitorização, reabilitação e no financiamento de equipas como a Polícia Florestal e Vigilantes da Natureza”, afirmou, acrescentando críticas às instituições internacionais por falta de apoio: “São rápidas a declarar reservas e dar medalhas, mas os fundos para a sua manutenção são limitados.”

A Laurissilva: Uma Relíquia em Risco

A floresta laurissilva da Madeira, com 15.000 hectares (20% do território da ilha), é uma relíquia ecológica que persiste sobretudo na costa norte da ilha. Apesar de estar em bom estado de conservação, de acordo com relatórios recentes, os riscos impostos pelo turismo de massas e pelas espécies invasoras exigem uma gestão cuidadosa e intervenções contínuas.

Um Apelo à Sustentabilidade

O programa dos 25 anos da laurissilva como Património Mundial decorre até sábado, promovendo debates e reflexões sobre os desafios enfrentados por este ecossistema único. Especialistas nacionais e internacionais sublinham a necessidade de medidas mais eficazes para equilibrar a preservação ambiental com o desenvolvimento turístico, de forma a proteger a riqueza natural da Madeira para as futuras gerações.