Começaram ontem (20), as XII Jornadas de Enoturismo, que decorrem no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. Ao longo de dois dias de programação, esta iniciativa anual promove a reflexão e o debate sobre o enoturismo no Centro de Portugal, incentivando a troca de ideias e experiências entre participantes e especialistas do setor.
O evento é organizado pelas regiões vitivinícolas do Centro de Portugal – Bairrada, Dão, Beira Interior, Lisboa e Tejo, com o apoio da Turismo Centro de Portugal (TCP), da Aveiro 2024 – Capital Portuguesa da Cultura, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra.
A Sessão de Abertura contou com intervenções de José Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola (CV) da Bairrada, Jorge Brandão, vogal do Programa Regional Centro 2023, Rogério Carlos, vice-presidente do Município de Aveiro e, em mensagens por vídeo, José Ribau Esteves, presidente do Município de Aveiro, e Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo.
Seguiu-se o primeiro painel de discussão, sob o tema “Enoturismo: Percurso e Perspetivas”. Moderado por Carlos Martins, consultor em economia criativa e turismo, o painel teve como intervenientes Adriana Rodrigues e Sílvia Ribau, da TCP, e José Pedro Soares, da CV da Bairrada.
Para lançar a discussão, Adriana Rodrigues, diretora do Núcleo de Comunicação, Imagem e Relações Públicas da TCP, desafiou toda a assistência a participar numa análise interativa em tempo real sobre a realidade do enoturismo na região. O exercício avaliou as principais forças, fraquezas, oportunidades e ameaças deste produto turístico, bem como a perceção sobre o vinho e o enoturismo de cada uma das cinco comissões vitivinícolas e a imagem geral do enoturismo regional.
Na questão “Qual o maior desafio ao desenvolvimento do enoturismo no Centro de Portugal”, os participantes destacaram a “articulação entre os diversos atores” e a “mudança das preferências do consumidor”. Já quanto aos pontos fortes do enoturismo na região, os mais referidos foram “diversidade”, “autenticidade”, “paisagem”, “qualidade” e “gastronomia”, sendo os pontos fracos a “comunicação”, a “promoção” e o “investimento”.
“Concorrência” e “alterações climáticas” foram as principais ameaças identificadas pela assistência, enquanto “inteligência artificial”, “diversidade” e “localização” foram as oportunidades mais referidas. A terminar, a questão “que imagem tem o enoturismo na região” recebeu como respostas preferenciais a “diversidade” e o “potencial”.
Na sua intervenção, Sílvia Ribau, diretora do Núcleo de Estruturação, Planeamento e Promoção Turística da TCP, realçou a evolução das Jornadas desde 2011. “No início, os programas consistiam em conhecermos a oferta turística e convidarmos pessoas de fora da região, para apresentarem as boas práticas neste setor, numa aprendizagem sobre o que estava a acontecer noutras regiões. Atualmente, as Jornadas de Enoturismo realizam workshops, fazem ações de sensibilização e conversam sobre os desafios da sustentabilidade e outros. A evolução é notória”, considerou.
Sílvia Ribau refletiu ainda sobre a importância de “aliar o que é improvável” para atrair mais visitantes à oferta de enoturismo. “Numa das edições anteriores, uma interlocutora de outro país deu-nos a conhecer um evento que tinha atraído muitas pessoas às suas quintas e vinhas: um concerto de música clássica. Penso que é fundamental, para atrair pessoas, a realização de atividades e de eventos que possam dinamizar as quintas e os territórios com vinhos. Aliar o que é improvável, juntar a animação à paisagem, funciona e é marcante”, acrescentou.
O segundo painel do dia, dedicado ao tema “A Arte do Storytelling”, teve a participação de Nuno Madeira, gestor do produto Enoturismo do Turismo de Portugal, Elaine de Oliveira, sommelier e jornalista, e Cláudia Camacho, perfumista.
Hoje, segundo e último dia das Jornadas, terão lugar mais três painéis, sobre “A Criação de uma Experiência Memorável”, “Da Mesa à Descoberta – O Papel dos Sommeliers” e “Os Desafios do Setor: Autêntico, Inteligente e Sustentável”.
O programa inclui ainda workshops e visitas a quintas e adegas da Bairrada, proporcionando aos participantes uma imersão nas experiências enoturísticas da região.