A TAP fechou os primeiros nove meses de 2024 com um lucro líquido de 118,2 milhões de euros, uma redução de 41,9% face aos 203,5 milhões registados no mesmo período do ano passado. O desempenho financeiro reflete desafios como perdas cambiais significativas e aumento de custos operacionais, especialmente devido aos novos acordos laborais.
O terceiro trimestre foi o principal motor destes resultados, contribuindo com 117,8 milhões de euros para o lucro acumulado. Apesar de representar uma queda de 62,8 milhões em relação ao terceiro trimestre de 2023, a TAP destaca uma melhoria de 116,6 milhões face ao período homólogo de 2019, antes da pandemia.
Receitas e Custos: Um Crescimento Desequilibrado
As receitas operacionais atingiram 3.252,6 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2024, um aumento de 2,8% face ao ano anterior e de 30,6% em relação a 2019. Este crescimento foi impulsionado por uma subida de quase 40% nas receitas de manutenção e de 1,8% nas receitas de passagens.
No entanto, os custos operacionais recorrentes subiram mais rapidamente, registando um aumento de 4%, para 2.874,9 milhões de euros. Entre os principais fatores estão os custos com pessoal, que dispararam 31,8% no acumulado do ano e 44% no terceiro trimestre, em comparação com um período de cortes salariais em 2023.
Capacidade e Eficiência
A capacidade (ASK) superou os níveis pré-pandemia, enquanto o Load Factor melhorou em 1 ponto percentual, atingindo 82,9% no acumulado dos nove meses. Apesar disso, o custo por passageiro por lugar-quilómetro (CASK) aumentou para 7,11 cêntimos, enquanto a receita por passageiro por lugar-quilómetro (PRASK) diminuiu ligeiramente, ficando nos 7,29 cêntimos.
O EBITDA recorrente caiu 1% em relação a 2023, situando-se nos 744,8 milhões de euros, com uma margem de 22,9%. O EBIT recorrente totalizou 377,8 milhões de euros, representando uma margem de 11,6%.
Liquidez e Estratégia para o Quarto Trimestre
A TAP encerrou setembro com uma posição de caixa robusta de 943,1 milhões de euros, um aumento de 153,7 milhões face ao final de 2023. O rácio dívida financeira líquida/EBITDA melhorou para 2,3x, reforçando a solidez financeira.
Para o quarto trimestre, as reservas estão ligeiramente acima dos níveis de 2023, o que a empresa espera que compense a pressão sobre as yields. O foco no mercado brasileiro continua, com a abertura de uma nova rota para Manaus e a entrega de duas aeronaves A320 Neo, substituindo modelos mais antigos. Em novembro, a TAP concluiu a emissão de obrigações no valor de 400 milhões de euros, com uma taxa de 5,125%, prevista no plano de reestruturação.
O Presidente Executivo, Luís Rodrigues, sublinhou que a operação da TAP está mais robusta, com melhorias na pontualidade e na satisfação dos clientes (NPS). Reconheceu, no entanto, os desafios impostos pela gestão do espaço aéreo europeu e pelas desvalorizações cambiais. “Mantemo-nos focados na transformação da TAP numa companhia sustentavelmente rentável e numa das mais atrativas da indústria”, concluiu.
A TAP segue ajustando a sua estratégia para responder às pressões do setor, mantendo o compromisso com a rentabilidade e a modernização da frota.