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Maria Helena de Senna Fernandes: Estamos no bom caminho para a expansão internacional de Macau  

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Em entrevista ao Opção Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, diretora dos Serviços de Turismo de Macau, explica como a região, após a pandemia, tem avançado em metas ambiciosas para recuperação e crescimento. Entre os objetivos para 2023 estão 33 milhões de visitantes, com foco na diversificação de mercados internacionais e na valorização das parcerias estratégicas, especialmente com Portugal e a APAVT. A diretora comenta também os próximos passos no plano de expansão e integração de Macau com as regiões vizinhas, como Hong Kong, Guangdong e Shenzhen, para criar um destino de múltiplas experiências culturais e de lazer.

Opção Turismo – Como está a evoluir o turismo em Macau, pós-pandemia?

Maria Helena de Senna Fernandes – Este ano tivemos muito trabalho, pois é o segundo ano de reabertura após a pandemia. Ou seja, ainda há muito a recuperar. Ainda não atingimos os mesmos números de antes da pandemia, mas estamos no bom caminho. A nossa meta para este ano é chegar a um total de 33 milhões de visitantes e ultrapassar os dois milhões de visitantes internacionais. Acredito que ambas as metas podem ser atingidas até ao final do ano, uma vez que os números têm sido muito positivos.

A recuperação turística de Macau segue a bom ritmo. O nosso foco está na expansão e diversificação das fontes de visitantes, especialmente internacionais. Portugal é um dos mercados que mais valorizamos, pelas relações de amizade históricas que nos unem e pelo posicionamento de Macau como ‘um centro, uma plataforma’, ou seja, um centro mundial de turismo e lazer e uma plataforma de serviços para a cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.”

OT – Falando em recuperação, como interpreta a afirmação do chefe do Executivo, Sam Hou Fai, de que a dependência de Macau no turismo e no setor do jogo representa uma fragilidade económica para o futuro da região?

MHSF – O chefe do Executivo apenas referiu que pretende trabalhar para diversificar a economia, e o novo plano de diversificação foi lançado no final do ano passado. Este é o primeiro de cinco anos do plano, e precisamos de continuar a trabalhar para que, ao fim de quatro anos, a economia de Macau esteja mais equilibrada. Sei que o chefe do Executivo deseja que a participação do setor de jogo e turismo integrado seja de 40% ou menos no total da nossa economia, embora ele não tenha especificado uma composição exata.

OT – Qual é o peso do setor de turismo atualmente?

MHSF – Jogo e turismo juntos representam aproximadamente 50% da economia. Se considerarmos apenas o jogo, é menos de 40%.

“O Governo de Macau decidiu centralizar esforços numa delegação económica e comercial em Portugal, pois considera que não faz sentido ter duas estruturas para o mesmo fim.”

OT – Este ano celebram-se 25 anos da transição de Macau da administração portuguesa para a chinesa. Quais foram as principais transformações no setor turístico durante este período?

MHSF – São 25 anos de grande crescimento para Macau, que teve o desenvolvimento apoiado por novas políticas da China para estimular a economia local. Desde a transferência, temos trabalhado para desenvolver Macau. A abertura do setor do jogo a seis operadores concessionários, por exemplo, foi um marco importante. Outro avanço foi a política de vistos individuais para turistas da China, permitindo-lhes visitar Macau sem a necessidade de estarem em grupos organizados, o que reflete o maior conhecimento e independência do consumidor chinês.

OT – Em relação ao mercado português, ainda é uma prioridade para Macau?

MHSF – Sim. Portugal não é apenas um mercado específico; para nós, é uma porta de entrada para a Europa. Estamos a trabalhar em conjunto com a APAVT e participámos na FITUR este ano. Em 2025, Macau receberá o congresso da ECTAA, o que nos permitirá mostrar o nosso destino a diversas associações europeias de agências de viagens.

OT – O encerramento da delegação de turismo de Macau em Lisboa gerou a perceção de um desinvestimento no mercado português. Há planos para reabrir esta delegação?

MHSF – Não há planos para isso. O Governo de Macau decidiu centralizar esforços numa delegação económica e comercial em Portugal, pois considera que não faz sentido ter duas estruturas para o mesmo fim. Esse modelo foi aplicado em outros países também. Além disso, temos parceiros estratégicos, tanto em Portugal quanto em outros locais, que ajudam na promoção de Macau.

OT – Em 2025, Macau será o anfitrião do Congresso da APAVT. Quais as suas expectativas para este evento?

MHSF – A APAVT tem uma longa parceria com Macau, e acreditamos que o congresso será uma grande oportunidade para promover Macau em Portugal. Durante a pandemia, intensificámos a nossa presença online, com mais de 30 contas em redes sociais para promover Macau. Hoje, a promoção exige uma presença constante, o que é um modelo de trabalho diferente do passado. Continuamos a trabalhar com as agências online e outros parceiros para fortalecer a nossa presença global.

“Portugal não é apenas um mercado específico; para nós, é uma porta de entrada para a Europa.”

OT – Para promover Macau em Portugal, que estratégias consideram para atrair visitantes, considerando que a média de estada em Macau é de 3 a 3,5 dias?

MHSF – Quem viaja de tão longe para nos visitar não quer ficar apenas alguns dias. Precisamos combinar o nosso produto com os dos nossos vizinhos, como Hong Kong, Guangdong e Shenzhen, para criar uma experiência mais completa. Em 2025, vamos trabalhar com a APAVT para desenvolver um programa de turismo que inclua essas regiões.

Desde a última edição que acolhemos em 2017, há muitas novidades. Macau foi designada Cidade Criativa de Gastronomia pela UNESCO, várias zonas históricas estão a ser revitalizadas e transformadas em atrações de turismo comunitário, novos complexos turísticos e hotéis abriram, e há um forte investimento em ‘turismo+convenções e exposições’, ‘turismo+cultura’, ‘turismo+gastronomia’, ‘turismo+eventos’, entre outros. Além disso, aumentaram as opções de turismo multidestinos na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

OT – Como vê o futuro de Macau nos próximos cinco a dez anos?

MHSF – Espero que seja brilhante. Macau ainda é pequeno, com 32 km², mas já duplicou de tamanho desde que comecei a trabalhar no turismo. Gostaria de ver uma região com melhores ligações, que ofereça aos residentes e turistas uma experiência completa. A nova ponte entre Hong Kong e Macau e o desenvolvimento ferroviário na China são grandes avanços.