O desenvolvimento da inteligência artificial deverá romper profundamente com os atuais modelos de trabalho e, em breve, tarefas como a criação de programas de viagens podem ser realizadas por agentes virtuais.
Em poucos minutos, os futuros agentes de viagens virtuais vão conseguir pesquisar, criar uma proposta de viagem e ainda tratar de toda a apresentação multimédia sem qualquer intervenção humana ou deslocação aos locais. A evolução da inteligência artificial (IA) promete trazer uma revolução nos modelos de trabalho e de negócio. Nos escritórios, as equipas podem passar a dividir-se entre as virtuais (geradas pela IA) e as humanas, a quem caberá o papel de supervisionar o trabalho gerado pelas máquinas.
As aplicações e robots estão a aperfeiçoar-se a uma velocidade muito grande mas estão ainda longe de dispensar o trabalho humano. “Vamos ter de nos reinventar. As tarefas mais rotineiras tendem a ser substituídas pelas máquinas, mas estas vão continuar a ter de ser supervisionadas pelas pessoas”, antecipa Sérgio Ferreira, partner e líder de AI na EY Consulting. Mas qual o papel de um agente de viagens neste cenário, se a IA passa a gerar tudo sozinha? Em entrevista ao Opção Turismo, Sérgio Ferreira explica que para os humanos há uma conquista enorme de produtividade: em vez de apresentarem apenas duas ou três propostas por dia, conseguem duplicar essa disponibilidade. “Vão conseguir entregar um produto com mais qualidade, uma vez que conseguem estar mais focados na experiência proposta”, diz o responsável de IA na consultora EY.
Perante estas mudanças. Este responsável defende que a preparação para esta revolução é urgente. “A criatividade destas máquinas vai tornar-se insuperável e a velocidade a que isto está a acontecer deixa-nos desconfortáveis. É por isso muito importante assumirmos o papel de pioneiros perante estas mudanças”, defende. E dá o exemplo recente de uma fábrica na China que já adquiriu o primeiro robot humanoíde que consegue ver e ouvir, compreender e analisar textos e desempenhar tarefas delicadas como enfiar uma agulha. Reage com expressões amistosas ou de raiva. A acreditar nas previsões de Elon Musk, nos próximos cinco anos a Tesla pode já ter vendido mais de 10 mil humanoides e atualmente já é possível ter em casa um destes robots para realizar um conjunto de tarefas domésticas por 12 mil euros.
Em suma, Sérgio Ferreira acredita que os desafios são grandes mas as oportunidades são ainda maiores uma vez que entregamos as tarefas mais repetitivas às máquinas e guardamos as melhores para nós. “As máquinas não têm memórias nem as histórias que guardamos para contar”, conclui
Rita Montez