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Em 2020, financiámos a BTL, fragilizando a nossa própria tesouraria, disse Pedro Costa Ferreira

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Como não poderia deixar de ser um dos pontos aguardados era saber os porquês, pela boca de Pedro Costa Ferreira. Aliás, refira-se, “o mercado há muito nos pede uma justificação para a saída da BTL, em 2025”.

O presidente da APAVT começou por recordar um dos momentos mais importantes: 2020, quando uma BTL foi cancelada, devido à pandemia.

“O mundo tinha parado, e tínhamos já pago verbas muito significativas à BTL, de acordo com o processo de contratação da feira desse ano. Na APAVT ninguém se esqueceu ainda que, a pedido dos representantes da feira, decidimos não exigir o reembolso das verbas entregues à entidade que gere a feira do turismo português, apesar de naturalmente termos devolvido todo o dinheiro que nos tinha sido pago pelos nossos associados, aos próprios”.

Pedro Costa Ferreira foi firme ao dizer, na sessão de abertura da 49º Congresso da APAVT que este ano se realizou em Huelva, Espanha, com a presença de 750 participantes, que foi a associação que financiou a BTL 2020.

“Por outras palavras, financiámos a BTL, fragilizando a nossa própria tesouraria com verbas para nós muito significativas, num dos momentos mais críticos da nossa existência”, frisou o responsável acrescentando que  “acresce que sabemos que fomos dos muito poucos, senão os únicos, a fazê-lo, num momento em que todos vocês sabem que o fazíamos sem saber se alguma vez poderíamos reaver os valores entregues”.

E com mágoa, embora justificando que a BTL o podia fazer, Pedro Costa Ferreira, comentou que, agora, “foram estes mesmos parceiros que, ultrapassada a pandemia, nos fizeram exigências financeiras que obrigaram dezenas de associados nossos a abandonar a feira”.

Certamente melindrado, até pela sua expressão, o presidente da APAVT disse que o que agora está em causa é que a BTL, enquanto necessitou da APAVT, acordou um determinado preço. E relembre-se, não era um stand qualquer. Apenas o maior stand privado da feira e também o maior dinamizador do programa dos hosted buyers, o precursor do b2c na BTL.

“Quando a BTL achou que o turismo estava forte e que a feira estava consolidada, decidiu empurrar-nos do comboio do sucesso, para nos substituir por mais e mais dinheiro”, disse.

Mas, criticou a forma de proceder justificando que o que interessa à APAVT, do ponto de vista dos interesses que defende –  os interesses do Turismo – é ter uma feira para o Turismo, que promove e consolida o sector, ou alimentar uma organização “que se tornou gulosa e que apenas usa o sucesso do sector para obter mais e mais dinheiro, sem a menor articulação, ou mesmo respeito, pelos diversos stakeholders”.

E assim justificou a não presença da APAVT na BTL 2025. “Foi por tudo isto que dissemos não às propostas da BTL. Porque a defesa dos interesses do nosso sector não comporta apenas sorrisos, cedências ou bons relacionamentos. Vamos fazer 75 anos de história no próximo ano, sabemos bem que por vezes é preferível ser o fator da incomodidade, sobretudo se esse for o melhor caminho para nos darmos ao respeito, e a melhor via para alertarmos toda uma comunidade, de que o rei poderá ir nu”.

Mesmo antes de encerrar este capítulo, Pedro Costa Ferreira relembrou que há uns anos, em sede de CTP, “desafio o seu presidente a tomar politicamente conta da BTl, impedindo que o turismo fosse utilizado por um mero processo de recuperação empresarial”.