Presidente da associação defende que CTP deve intervir na gestão política daquela que é a maior feira de turismo em Portugal
Um caminho possível para impedir que o turismo seja “unicamente fonte alimentadora de uma necessidade crescente de realizar receitas”. Foi desta forma que Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) relançou uma ideia já defendida no passado e que passa pela atribuição da gestão política da feira à Confederação do Turismo de Portugal (CTP). “Hoje, dr Francisco Calheiros, reforço esta posição e lanço-lhe o desafio”, anunciou Pedro Costa Ferreira. Durante o seu discurso de abertura do 49º Congresso da APAVT, o seu responsável não poupou as críticas à atual gestão da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), a quem acusa de querer equilibrar as suas contas aumentando de forma considerável os preços de participação no certame.
“Precisamos de uma feira que sirva o turismo e que se articule com os seus estrategas, decisores e protagonistas”, apontou Pedro Costa Ferreira, acrescentando que “fechamos assim, um ciclo de dez anos, sabendo perfeitamente que é um ciclo que não tem regresso possível”. Ainda que em diferentes modelos, a associação tem sido uma presença constante na feira e, nos últimos anos, com um dos maiores espaços expositores. E, o líder da APAVT recorda mesmo o apoio prestado pela associação durante a pandemia, quando a feira foi cancelada e, ainda assim, não exigiu o reembolso dos valores já pagos. “Quando a BTL achou que o turismo estava forte e que a feira estava consolidada, decidiu empurrar-nos do comboio do sucesso, para nos substituir por mais e mais dinheiro”, acrescentou.
Setor feliz critica os defensores do “turismo a mais”
Mas se os bons resultados do turismo têm despertado, na perspetiva do responsável da APAVT, o apetite de alguns dos seus parceiros, o crescimento do turismo tem estado igualmente na origem de um crescente movimento contestatário. Este é um setor “que cresce e é responsável por metade do crescimento do nosso país, um setor que paga um salário médio cada vez mais alto, um setor que permitiu o equilíbrio das contas externas”, defende este responsável. E, perante o seu contributo económico e social, o presidente da APAVT defende que o setor está a ser muito atacado pelas más razões e que “temos de impedir que se transformem em narrativas normalizadas e comumente aceites como verdade”. Neste âmbito, Pedro Costa Ferreira foi mais longe e alargou as suas críticas a “algum jornalismo preguiçoso e de muitos comentadores apenas portadores de ignorância”, defendendo que esta é “uma luta de todos nós” e que deseja que este congresso seja a casa de partida para uma comunidade “mais sensível a tudo o que nos une, mais consciente do valor que preserva e propaga, mais pronta para defender o que, num mundo de repente tão antigo, tão cheio de muros, ódio e intolerância e da liberdade, o turismo”.
Por Rita Montez, em Huelva