Decorreu recentemente no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, um workshop empresarial, organizado pelo Consulado da Alemanha no Porto, pela AEP, pelo Lufthansa Group, pela Lufthansa LGSP e pela ANA Aeroportos. O evento reuniu vários stakeholders da indústria da aviação e representantes de empresas de diferentes indústrias do Norte de Portugal, com foco no tema central: “Sustentabilidade e o futuro das viagens”.

O workshop foi liderado por Michael Nau, diretor de Vendas e Sustentabilidade do Lufthansa Group em Frankfurt, que apresentou as metas de sustentabilidade do grupo.

Estas passam pelo uso de combustíveis sustentáveis para a aviação (SAF – Sustainable Aviation Fuel). SAF é o termo genérico para todos os combustíveis de aviação que são produzidos sem a utilização de matérias-primas fósseis, como o petróleo bruto ou o gás natural. O SAF é uma importante chave tecnológica para um voo mais sustentável e essencial para a viragem energética na aviação. Existem vários processos de fabrico e diferentes matérias-primas disponíveis como fontes de energia.

O SAF atualmente usado pelo Grupo Lufthansa é produzido no processo HEFA (Hydroprocessed Esters Fatty Acids) a partir de resíduos biogénicos, tais como óleos alimentares usados. Este SAF é produzido a partir de matérias-primas em conformidade com a diretiva relativa às energias renováveis (2018/2001/UE, artigo 30.º) “RED II”. Todos os SAF usados são certificados de acordo com o sistema ISCC ou RSB como tendo uma redução de gases com efeito de estufa de, pelo menos, 80%. O SAF usado pelo Grupo Lufthansa está em conformidade com a legislação europeia aplicável, em particular com a diretiva relativa às energias renováveis.

O Grupo Lufthansa adquire o SAF através de fornecedores estabelecidos na Europa, como a NESTE ou a OMV na unidade de Schwechat. O SAF é comprado pelo departamento de combustíveis do Grupo Lufthansa, misturado com querosene fóssil pelo fornecedor e depois transportado para os hubs do Grupo Lufthansa, especialmente em Frankfurt.

O SAF desempenha um papel central na realização do objetivo de uma aviação neutra em termos de CO2 até 2050. O Grupo Lufthansa está envolvido há muitos anos na investigação sobre SAF e impulsiona a introdução de combustíveis de aviação sustentáveis da próxima geração. É dada especial atenção às tecnologias Power-to-Liquid (PtL) e Sun-to-Liquid (StL), orientadas para o futuro, que utilizam eletricidade gerada de forma regenerativa ou calor solar como fontes de energia.

O preço do SAF depende da tecnologia e da evolução do preço do petróleo. Atualmente, o preço de mercado do SAF existente a partir de resíduos biogénicos é três a cinco vezes superior ao preço do querosene fóssil. Atualmente, o SAF de nova geração ainda é dez vezes mais caro do que o querosene fóssil.

A partir de janeiro de 2025, todos os voos que partam da UE terão obrigatoriamente que usar 2% de SAF.

Para as empresas foram apresentadas soluções sustentáveis, como:

  • as Green Fares: Tarifas especialmente desenhadas para clientes que desejam reduzir o impacto ambiental das suas viagens aéreas, integrando compensações de CO2 diretamente nas tarifas.
  • os BULK Deals: programa que permite a parceiros corporativos adquirirem SAF em larga escala, com o Lufthansa Group a garantir a sua utilização em voos dentro de 6 meses. O parceiro recebe um certificado scope 3 que confirma a redução de CO2.
  • o PartnerPlusBenefit, um programa de fidelização que permite às empresas acumular pontos de recompensa que podem ser usados em viagens e serviços, promovendo opções de viagem mais sustentáveis.

Outro tema crucial abordado por Michael Nau foi a crescente regulamentação de emissões de CO2 nas empresas, com o foco nas multas já em vigor em vários países da Europa, tendo sublinhado que estas sanções, aplicadas a empresas que não conseguirem reduzir as suas emissões e relatar as suas práticas de sustentabilidade, em breve serão também implementadas em Portugal. As empresas devem preparar-se para esta realidade, ajustando as suas operações e políticas para estarem em conformidade com as exigências futuras.

Esta conferência permitiu uma discussão viva sobre a sustentabilidade nas diferentes indústrias, o futuro próximo com a regulamentação e aplicação de multas para empresas que não atinjam as metas exigidas.