A pedido da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), está a ser desenvolvido pela NOVA SBE, a partir de dados combinados do Eurostat e do Instituto Nacional de Estatística (INE), um estudo sobre “Avaliação de Impacto do Alojamento Local em Portugal”.
Assim e segundo um relatório preliminar de um estudo sobre o impacto do AL em Portugal, as dormidas em Alojamento Local (AL) ultrapassaram 38 milhões em 2019, representando cerca de 40% do total de dormidas em Portugal.
De acordo com resultados preliminares do estudo, o número de dormidas em AL em 2019 foi de 38,4 milhões, “representando cerca de 40% do total de dormidas em território nacional”.
Os autores realçam que o INE subestima o total de dormidas em AL em Portugal, porque contabiliza apenas o número de dormidas em estabelecimentos com 10 ou mais camas, que corresponderam a 10,2 milhões de dormidas em 2019.
Dados oficiais da União Europeia (CETUR/EUROSTAT) “apontam para um total superior a 28,2 milhões de dormidas em AL com menos de 10 camas, em Portugal, no mesmo período” (não contabilizados pelo INE), lê-se no sumário do relatório preliminar.
Ainda segundo o relatório preliminar, os turistas que em 2019 se alojaram em unidades de AL gastaram mais de 8 mil milhões de euros na economia portuguesa, “o que correspondeu a mais de 8,5% das exportações totais de bens e serviços e cerca de 3,8% do PIB”.
As dormidas em AL representaram cerca de 40% do total de dormidas em território nacional em 2019, uma percentagem que foi mais elevada em alguns destinos, como Lisboa e Porto.
Os autores destacam que “as despesas dos turistas com o alojamento só correspondem, em média, a 26% do total dos seus gastos”, pelo que, “sem o alojamento local, há o risco de se perder o rendimento associado ao AL” e também os restantes 74% despendidos por estes turistas noutros produtos e serviços.
Entre estes produtos e serviços, os turistas alojados em AL gastaram 5,8 mil milhões de euros em restauração e bebidas e 4,2 mil milhões de euros em transportes, “onde a TAP é um dos grandes beneficiários”, além de despesas em supermercados, as margens comerciais, os 500 milhões de euros gastos em operadores turísticos diversos, serviços culturais e recreação e lazer.
“Na ausência de Alojamento Local e mesmo perante o crescimento de uma taxa de ocupação dos hotéis de 15% ao longo do ano, para valores nunca vistos em termos anuais, mais de 23 milhões de dormidas ficariam sem ocorrer. Em termos diretos, a perda destas dormidas significaria também perder 4,7 mil milhões de euros das despesas dos turistas, o que corresponde à destruição de 2,2% do PIB nacional”, é realçado.
Para substituir a atual capacidade de alojamento em unidades de AL em Portugal seria necessário construir 1.030 novos hotéis, “dos quais 168 no Porto, 169 no Algarve e mais 211 hotéis na cidade de Lisboa”.
O estudo ‘Avaliação de Impacto do Alojamento Local em Portugal’ está a ser desenvolvido pelos professores João Bernardo Duarte, Pedro Brinca e João Pedro Ferreira da Nova SBE.
“Para 2022 ainda não foram disponibilizados valores do turismo recetor pelo INE, mas os valores adiantados pelo Governo apontam para um ano ainda melhor em termos de receitas”, destacam.
Já o Eurostat colocou o número total de dormidas em Portugal, em 2022, na mesma ordem de grandeza que em 2019, com 30.992.816 dormidas registadas em AL (tinham sido 31.064.000 em 2019), o que indica “uma enorme resiliência” do setor, que no ano passado “praticamente tinha recuperado da pandemia”.