O fabricante europeu Airbus e a companhia aérea Air France foram absolvidos por um tribunal parisiense da acusação de homicídio involuntário após a queda em 2009 do voo de ligação Rio de Janeiro/Paris, que matou 228 pessoas.

Quase 14 anos após o desastre, o tribunal criminal de Paris absolveu as duas empresas, decidindo que, embora tivessem existido “falhas”, tal “não permitiu demonstrar qualquer relação causal” com o acidente com o voo AF447, um Airbus A330-200.

O acidente levou a mudanças duradouras nas medidas de segurança das aeronaves, uma vez que a investigação oficial descobriu que para o acidente contribuíram múltiplos fatores, incluindo erro do piloto e a sobreposição de gelo nos sensores externos.

O julgamento, que durou cerca de dois meses, e, invulgarmente, até o Ministério Público defendeu a absolvição, admitindo que o processo não produziu provas suficientes de atos ilícitos criminais por parte das duas empresas.

A acusação atribuiu a responsabilidade sobretudo aos pilotos, que também morreram no acidente. Os advogados da Airbus também culparam o erro do piloto e os da Air France defenderam que as verdadeiras causas do acidente nunca serão conhecidas.

Ninguém corre o risco de ser preso, pois apenas as empresas estão a ser julgadas naquele que foi o mais mortífero acidente da história das companhias aéreas francesas.

A Air France já indemnizou as famílias das pessoas mortas, oriundas de 33 países.

Recorde-se o acidente: O A330-200 desapareceu do radar numa tempestade sobre o Oceano Atlântico a 1 de junho de 2009, com 216 passageiros e 12 membros da tripulação a bordo.

Para encontrar o avião foram necessários dois anos, o que permitiu recuperar as gravações contidas nas caixas negras, que se encontravam no fundo do oceano, a mais de 4.000 metros de profundidade.

Para encontrar o avião foram necessários dois anos, o que permitiu recuperar as gravações contidas nas caixas negras, que se encontravam no fundo do oceano, a mais de 4.000 metros de profundidade.

As caixas negras confirmaram o ponto de partida do acidente: o gelo nos sensores de velocidade “pitot” enquanto o avião voava a grande altitude numa difícil zona de “turbulência” perto do equador.

Um dos copilotos, perturbado pelas consequências desta falha, adotou uma trajetória ascendente e, num estado de incompreensão, os três pilotos não conseguiram recuperar o controlo do avião, que estagnou e se despenhou no oceano 4,23 minutos mais tarde.

As investigações revelaram que incidentes com sensores semelhantes tinham ocorrido repetidamente nos meses que antecederam o acidente.