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Jorge Fontes (Azmude): as agências de viagens vão sempre sobreviver e existir

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A agência de viagens Azmude, sedeada em Cascais, mais propriamente na Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, 6A, teve o início de atividade em janeiro de 2007 através do desejo de alguns ‘teimosos’ que optaram por deixar de ser funcionários outrem.

Curiosamente, mesmo antes de ser legalmente oficializada, a agência já tinha uma história para contar no futuro: o nome.

O nome inicialmente seria Azimute, mas não foi autorizado. E um dia inteiro se passou a estudar um nome ‘forte’ … Foi então sugerido pelo INPI-Instituto Nacional da Propriedade Industrial, para não fugir ao que se pretendia, escolher um conjunto de letras da palavra Azimute, que resultou em Azmude.

– E porque não? E assim ficou, explica Jorge Fontes, um dos quatro sócios da agência de viagens e, neste caso, o porta-voz da Azmude.

A Azmude nasce do desejo de quatro profissionais do turismo, sendo três comerciais e um ligado à tesouraria/contabilidade que se uniram depois a um quinto elemento, também ligado à contabilidade.

Estudado e pensado o assunto, conhecíamos bem o mercado e estávamos prontos para o desafio, decidiram deixar as empresas onde trabalhavam e rumar para um projeto próprio.

Hoje, devido ao falecimento de uma das sócias há dois anos, somos quatro dos então cinco fundadores e a agência não tem outros empregados.

Ou seja, agora e para que conste, os “Três Mosqueteiros” da Azmude são o Jorge Fontes, o Nuno Barros, a Susana Antunes – todos com mais de 30 anos de profissão – e a Paula Fontes, responsável pela Tesouraria e Contabilidade.

Jorge Fontes explica que a agência nem sempre atuou com a marca Azmude embora a sua designação social tenha sido sempre Azmude.

– De início, em 2007, abrirmos com a marca Bestravel, sendo então a primeira agência do grupo no concelho de Cascais. No entanto, em 2010, abandonamos a Bestravel e iniciamos um novo projeto com uma marca nova no mercado: By Travel, juntamente com outras cinco empresas.

Em janeiro de 2021, por decisão unânime, passamos a ‘alone’ e a usar a marca Azmude Travel, a nossa, aderindo ainda ao grupo de gestão GEA.

Depois da apresentação da Azmude, que também é associada da APAVT e, como tal, aderente ao serviço do Provedor do Cliente das Agências de Viagens, pedimos para fazer uma análise ao ano de 2022.

– Quanto à Azmude, 2022 foi um ano de desafios, saindo devagar da covid-19 e entrando rapidamente em guerra, com subida brusca da inflação e juros. Tudo apontava, no início de 2022, que não seria um ano fácil. Mas e na realidade, o ano até não foi mau, embora em termos de resultados, se bem que ainda não se tenham apurado os definitivos, fiquem muito próximo dos de 2019.

– Considera que houve sinais positivos de retoma?

– Sim, os sinais foram bastante positivos, já que as pessoas estavam (e estão) “sedentas” de viajar e de conviverem fora do seu ‘habitat’ normal.

A procura foi muito alta e que até superou o 2019. Todavia, nem sempre se tem a concretização do orçamento, muito devido ao aumento significativo dos preços. E, devido a esse ao aumento de valores, talvez, não tenhamos superado o número de passageiros de 2019.

– Como suportaram todo o período de pandemia? Encerraram?

– Sim, tivemos vários meses encerrados e quando reabrimos foi com horário parcial. Foi muito importante garantir a segurança, nossa e dos clientes, sendo que estes estão habituados a nos contactarem por e-mail e por telemóvel. Para além disso colocarmos informação online e na montra da loja com todos os contactos, salienta Jorge Fontes acrescentando que, como se previa, durante o fecho ‘mundial’ ninguém viajou e o pior nem foi o não entrar dinheiro, mas termos de reembolsar os clientes! Não entrava, mas saía!

O nosso entrevistado destacou ainda que só foi possível sobreviver porque a Tesouraria da Azmude estava estável antes da Covid-19 e também graças às ajudas do Turismo de Portugal.

– Mas, no geral, foram os nossos principais fornecedores, os operadores turísticos, que ajudaram a minimizar perdas maiores. Tivemos ‘vouchers’ de muitos fornecedores, mas todos foram resgatados e liquidados.

Por outro lado, a Azmude também fez isso com os seus clientes. Pagámos a todos quase sempre antes do tempo previsto e muitos sem sequer os clientes terem pedido isso. Temos de manter a confiança do mercado em nós!

Para a Azmude, os destinos mais vendidos foram as praias em Cabo Verde, Caraíbas, Ilhas Espanholas, Ilhas no Indico, Marrocos e Senegal (por ordem alfabética).

Quanto ao setor dos circuitos ainda sinto que está bastante afetado devido à Covid-19. No entanto, esperamos que consiga melhorar em 2023.

Quanto à programação que lhe é oferecida pelos operadores turísticos nacionais, Jorge Fontes comenta que, por vezes, surgem tantos voos charter para uma temporada que o leva a pensar que Portugal deve ter uma população a viajar na ordem dos 12 milhões.

– É uma das coisas que me faz confusão e acho que os operadores deveriam pensar melhor na quantidade de ofertas que colocam no mercado, incluindo a TAP. Assim, temos voos cancelados ou a voarem com meia ocupação. E, pior ainda, com promoções de última hora a preço da chuva e que em nada ajudam a estabilizar o mercado. Novos destinos com melhores acessos/voos? Sim, fazem falta e, às vezes, não é necessário ir ao outro lado do globo.

Nesse sentido, recorda que nos 80’s se vendia imenso o destino Brasil, mas sem ser necessariamente praia, como é o exemplo do Pantanal e dos Lençóis Maranhenses.

– Hoje vejo, com alguma tristeza, que alguns profissionais nunca ouviram falar nos Lençóis… Talvez fosse bom revitalizar alguns destinos antigos, frisa Jorge Fontes para destacar outro segmento que tem sido esquecido.

Os comboios.  Estão cada vez mais em voga e temos na Europa (e não só) muitos itinerários de sonho/luxo. Infelizmente, não tem havido muita divulgação sobre esses programas.

Considerando que este ano vai continuar a haver muitas procura de destinos de férias, aponta que está a haver bastante procura para férias na Páscoa, mas não tanto pelo Carnaval.

– Na minha opinião, o turista português está agora e cada vez mais a querer vivenciar outras culturas/povos. Por isso, creio que, maioritariamente, as escolhas são as viagens de avião para fora do continente europeu.

Porque nem tudo são rosas, como se costuma dizer, um dos problemas da Azmude é o constante aumento dos preços/inflação que não ajudam ninguém.

Depois, são os muitos ‘sites’ dos hotéis que ‘dizem’ para comprar diretamente ao hotel e não ao agente de viagens. Outros, até oferecem o programa completo com voos, transferes e estada no seu hotel. Grave ainda é, quando o agente de viagem tenta marcar um quarto diretamente nem lhe dão qualquer comissão, sendo o preço igual ao do cliente final…

Isto para não falar nas companhias aéreas que também têm preços online abaixo do praticado nos GDS ou outros canais.

Contudo, a principal “queixa” do nosso entrevistado, e apenas a nível pessoal, é, atualmente, a alguma falta de camaradagem.

– Infelizmente e na minha opinião, o pior para qualquer agente de viagens ou, até mesmo, agência de viagens, é termos perdido a camaradagem e a interajuda que existia antigamente com os nossos parceiros de profissão e fornecedores, sobre as ajudas, facilidades, comissionamentos, concorrência direta.

A terminar esta troca de impressões, Jorge Fontes, um dos sócios e porta-voz da agência de viagens Azmude, diz acreditar que as agências vão sempre existir e a sobreviver a muitos condicionamentos.

Mas não com guerras de preços com os fornecedores ou mesmo entre elas, mas sim com serviços de qualidade, qualidade e qualidade!

Luís de Magalhães