A FR Travel foi constituída, imagine-se, quase que esgotando os ‘1’ desse dia. E, diga-se de passagem, data assim de nascimento, só a também minha. A FR Travel ‘nasce’ a 11/11/11 e a sua fundadora e proprietária chama-se Fátima Ribeiro, que começa por explicar que a agência nasceu de uma grande paixão pelas viagens e pelo desejo de fazer mais e melhor neste ramo.
A empresa surge numa altura de recessão em que se verifica uma redução do nível de atividade económica. Recusando uma atitude contemplativa da crise, aposta na proatividade e na procura de novos mercados contrariado assim a tendência e criando projetos dinâmicos e estruturados, tendo sempre presente que ‘trabalhar dá trabalho’.
A FR Travel tira partido do profissionalismo e dinamismo dos seus colaboradores. Visamos aprestação de um serviço de excelência e confiança, apostando na personalização do atendimento e na busca constante do melhor serviço quer em termos de preço/qualidade/soluções de viagem quer em termos de segurança e informação, afirma Fátima Ribeiro, sustentando que somos apaixonados pelo que fazemos e isso faz toda a diferença.
Depois de ter vivido alguns anos no Porto, cidade que considera a sua segunda casa, Fátima Ribeiro foi morar para Viseu e aqui cresceu e se instalou e se sente realizada.
Mas não deixa de salientar que hoje em dia com a evolução tecnológica, cada vez importa menos onde estamos pois chegamos a todo o lado à distância de um simples ‘click’.
Importa sim, estarmos bem e identificarmo-nos com o local onde vivemos. Nas agências de viagem, somos todos cidadãos do mundo, haverá algo mais espetacular do que isso?
Sonho e ambição de ter uma agência de viagens
Na altura, chefiava uma loja da Abreu em Viseu, mas sentia-me estagnada e queria crescer, queria muito uma nova experiência e ter o meu próprio negócio. A Abreu foi sem dúvida uma escola incrível onde conheci pessoas maravilhosas como o Hélder Amaral e o Agostinho Silveira e tantos outros que recordo com carinho e que me deu uma base e uma estrutura forte para alavancar a minha própria agência de viagens, a minha própria marca.
Recorda a crise económica que ainda se sentia em 2011, mas a tal ‘semente’ já estava a germinar, embora todos lhe chamassem de maluca para arrancar com o projeto nessa altura.
O meu sogro Abílio Marques e o meu marido Miguel Marques foram os meus pilares e deram-me todo o apoio e encorajamento que eu precisava. A eles estou eternamente agradecida por me terem ajudado a concretizar um sonho. Foi na família e na grande paixão pelo que faço, que encontrei força para trocar o certo pelo incerto e volvidos 11 anos, aqui está a Fr Travel já com duas lojas.
Fátima Ribeiro confessa que adora a sua profissão.
Quem trabalha na parte comercial e gosta, é um privilegiado porque todos os dias são diferentes, diz salientando que a profissão de agente de viagens é única, que parece fácil mas não o é, e é muito desafiante…
Considera que uma das coisas positiva que aconteceu na pandemia foi o reforço do papel do agente de viagem e justifica:
Quando tudo corre mal, quando há greves, catástrofes naturais, etc… nós sabemos o que fazer, como fazer e resolvemos. E o consumidor ficou a saber disso, quando comprou na ‘net’ e não teve o reembolso ou não viu a sua situação resolvida com celeridade e rigor.
E reforça a sua opinião – que certamente ganha o consenso de todos os profissionais – afirmando que é preciso pensar duas vezes e, ao contrário do que muitos imaginam, não é mais caro comprar na agência.
Considero que, principalmente agora, devemos cultivar em nós um sentimento “bairrista” dando prioridade a comprar em Portugal, em lojas ou ‘sites’ portugueses e não na ‘net’ num motor de busca qualquer…, ajudando a alavancar os negócios e a economia do nosso país.
2020 e 2021 foram anos bastante difíceis e desafiantes
Nestes dois anos, em plena pandemia, a FR Travel manteve-se sempre aberta. Havia que solucionar imensos problemas, alguns deles que nem se sonhava que poderiam existir, desfazer reservas feitas em 2019, a pedir reembolsos às companhias aéreas, operadores turísticos, entre outros e a devolver esses valores aos clientes.
Muitas dessas devoluções foram feitas sem termos ainda o reembolso total.
Em março de 2020 quando a hecatombe surgiu estávamos com um crescimento de 22%, o que nos permitir acabar o ano 679 mil euros, após a brutal quebra de vendas desse ano.
Em 2021 começamos a sentir que as coisas iam recomeçar e acabámos o ano com 1,7 milhões, face os 3,5 milhões de faturação em 2019. Fomos do 80 para o 8, mas sempre com uma atitude positiva, sempre a acreditar que as coisas iam melhorar.
Arquitetar estratégias para sobreviver
Também será bom lembrar que, na altura, a FR Travel tinha uma equipa grande e nunca houve a intenção de despedir alguém, razão porque foram muitos dias (e noites!) a pensar e a arquitetar estratégias para continuarem no bom caminho. Foi então traçado um plano para 2022, uma vez que se acreditava na possibilidade de haver um ‘boom’ nas viagens, o que se começou a verificar em março de 2022.
Entretanto, a FR Travel submeteu um projeto + COESO que foi aprovado, o que lhes permitiu aumentar a equipa em mais dois postos de trabalho, sendo um deles de marketing, área ainda pouco desenvolvida.
Dois anos depois da pandemia, as previsões realizaram-se, telefones e os emails dispararam, as pessoas estavam fartas de ficar em casa, queriam sair, viajar e a FR Travel estava apta a dar sempre uma resposta.
Temos um site novo, mas atual e intuitivo e estamos a trabalhar muito a parte do marketing o que nos tem aberto portas para outros mercados e clientes.
O começo da retoma
2022, foi para nós o verdadeiro ano da retoma e agora quase no fim, acreditamos que vamos fechar o ano com mais de três milhões o que é extremamente gratificante para todos. Foi muito positivo.
No entanto, deve-se destacar, pelo êxito, a FR Travel registou um crescimento considerável nas chamadas “Grandes Viagens”, fruto de um caminho que temos vindo a percorrer e que agora está a começar de dar os seus frutos, recordando que são especialistas em vários destinos, bem conhecidos pela boa programação desses mesmos destinos.
A invasão da Ucrânia pela Rússia veio destabilizar o mercado, fazendo subir os custos de vida das famílias portuguesas e criar muitas dúvidas para o futuro.
Acredito, apesar de tudo, que vai sempre haver lugar para as viagens, o ‘corporate’ voltou praticamente ao que era.
Fátima Ribeiro, destaca que todo o período de pandemia foi suportado com resiliência, acreditando sempre que íamos conseguir superar.
Escusado será dizer que apesar de este ano [2022] ter sido um ano de retoma espetacular, ainda vai demorar para recuperarmos a 100%. Há muito ainda por fazer, custos de financiamento para pagar e fundo de maneio para construir. Na minha opinião demorará cerca de 4 anos para alcançarmos de novo aquela “velocidade cruzeiro” a que estávamos habituados…
Para além dos serviços inerentes a uma agência de viagens, a FR Travel está a trabalhar em alguns projetos próprios, nomeadamente um ‘blog’ de viagens – FIKA – que vai ser lançado no próximo ano. Ao mesmo tempo, está também a preparar dois roteiros muito originais, que serão divulgados em breve.
Perspetivas para 2023
No entender de Fátima Ribeiro, avizinha-se um 2023 desafiante, em que vai ser preciso ir e dar luta. Todavia, a diretora da FR Travel acredita que quem chegou até aqui e fez todo este percurso, vai continuar.
Em 2023 temos de continuar a estimular a criatividade e a explorar novas vertentes para sobrevivermos nesta crise económica. Definir metas e traçar estratégias, torna-se fulcral para alcançarmos os nossos objetivos, vinca a nossa entrevistada destacando que a agência já tem bastantes pedidos e marcações para 2023, a maior parte delas para fora do país, que creio continuar a ser a tendência em 2023.
Estando a FR Travel inserida na rede de agências de viagens GEA e a terminar esta entrevista, quisemos saber a opinião da Fátima Ribeiro, sobre a entrada da Newtour e do PCF no capital da GEA Portugal?
Sinceramente, não fiquei minimamente chocada, pelo contrário. Acho que o Pedro Gordon, trabalhou para encontrar uma solução e conseguiu. Dou-lhe os parabéns e acredito que esta parceria vai dar bons frutos no futuro.
Luís de Magalhães