Uma atracção turística que pode vir a acabar

O Bairro da Luz Vermelha pode ter os dias contados como uma atracção turística.

A Câmara Municipal de Amesterdão proibiu as visitas turísticas ao conhecido internacionalmente Bairro da Luz Vermelha (Red Light District), no centro histórico da cidade, onde o negócio da prostituição está concentrado.

Uma decisão tomada no ano passado e que irá entrar em vigor no dia 01 de janeiro de 2020, tendo então ficado acordado que os turistas em visitas guiadas à zona, têm de ficar de costas voltadas para as montras da rua enquanto ouvem as explicações dos guias. Foram também proibidas as fotografias às mulheres que se “mostram” nas ditas montras.

Os grupos para essas visitas passarão a ter um máximo de 15 participantes (20 actualmente) e os guias terão de pedir autorização prévia.

Em simultâneo, irão terminar os passeios pelos bares da zona, os “pub craw”, apenas anunciados para consumir álcool e, possivelmente, outras coisas mais.

Curiosamente e ao contrário do que seria de esperar – o respeito pelas mulheres – esta medida foi tomada para restringir o número de turistas no centro histórico da cidade que, em 2018, recebeu 19 milhões de turistas.

Refira-se que as visitas guiadas pelo Bairro da Luz Vermelha são praticamente anunciados em todos os anúncios que promovem a capital holandesa. No entanto, Udo Kock, responsável pelo turismo da cidade, diz que já não é comum ver as prostitutas como um entretenimento para o turismo.

Apesar destas decisões da autarquia de Amesterdão, os turistas podem ser acompanhados por um “especialista” em qualquer tipo de embarcação pelos canais, mediante o pagamento de uma determinada taxa, tendo ainda o Conselho da Cidade posto fim aos passeios gratuitos.

Certamente que com estas medidas, o número de turistas ao Red Light District diminuirá, o que, também certamente, se irá reflectir nas receitas da Câmara Municipal local.

Mas, conhecendo as “regras” das receitas turísticas, adivinha-se um outro tipo de imposto ou taxa para colmatar a quebra.

Conta a história, que o bairro do Red Light District foi criado no século XIII, quando chegavam aos portos de Amesterdão os marinheiros e piratas, ávidos por divertimento com o sexo feminino. Para não ofender a moral pública e distinguir “o bom do mau”, as casas das prostitutas eram iluminados com luzes vermelhas e assim continuou até aos dias de hoje.

As montras apareceram em finais do século XIX e a actividade é legalizada em 2000.

As maior parte das casas “vermelhas” – nada de conotações ideológicas -, ou sejam, aquelas em que as mulheres estão nas montras, porque é proibido a prostituição na via pública, estão nas ruas Oudezijds Achterburgwal, Gordijnensteeg e Korte Stormsteeg. Todavia, o mais famoso bairro é o De Wallen. Refira-se, a propósito, que bairro não é uma coisa à parte da cidade. Antes pelo contrário, está completamente integrado numa zona onde há famílias a viver, escolas, etc. Algo o mais normal possível, mas com muitos turistas à volta.

Luís de Magalhães