Influência de Políticas de Gestão no rendimento das pessoas

Sem grande poder de argumentação oral, resta-me usar a forma escrita para transmitir a minha interpretação sobre o que leio ou escuto. Quem discordar ou quiser complementar, bastará escrever na secção comentários no fundo deste artigo.
Se por um lado se apregoa que os ricos aumentaram a sua riqueza, e o número de ricos aumentou, por contraposição se publica a descida progressiva do poder de compra devido à prática de salários baixos. E da hotelaria surgem-nos noticias desta realidade. Realidade esta que põe em causa a prestação de serviços hoteleiros pela sensação de “está a fazer um frete” em vez da sensação de “faz com gosto, é solícito”, os quais comprometem a “arte de bem receber e de bem servir” – termos tão caros aos reais profissionais de hotelaria e ao valor do produto turístico “Portugal”.
Vou atrever-me a ir mais além antes de afirmar que a situação resulta de políticas de gestão erroneamente adoptadas:
– Liberalização de acesso às profissões;
– A contratação de funcionários públicos foi substituída pelo recurso a “Task Forces” que custam muito mais do que a contratação directa. Empresas de outsourcing aparecem como cogumelos; facturam ao cliente por exemplo mil e pagam ao empregado 500. Esta prática é seguida por empresas, que chegam ao cúmulo de contratar prestadores de serviços à quinzena.
– A aplicação de programas de ocupação de desempregados de que organismos públicos, instituições com ou sem fins lucrativos e empresas beneficiam parece-me imoral, porque prejudica os trabalhadores (esgotam o tempo de subsídio de desemprego) e cria más práticas de gestão de recursos humanos nas empresas que conseguem trabalhos feitos gratuitamente ou quase. A empresa que precisa de um trabalhador deveria ter de o contratar directamente.
– Os próprios organismos de estado (Centros de Emprego) chegam ao cúmulo de publicarem ofertas de postos de trabalho exigindo experiência, licenciatura em gestão, línguas, etc. pelo Salário Mínimo Nacional, contrariando os índices de salário estipulados consoante o grau de formação.
– Apregoa-se o combate ao desemprego, mas assina-se contratos de exploração de pórticos nas auto-estradas sem portageiros. Porém, se eu quiser beneficiar de um apoio financeiro, a minha empresa tem de criar postos de trabalho líquidos.
A adopção destas políticas centrais e de liberalização influenciam a gestão de recursos humanos, finalmente tão importantes para a sustentabilidade quanto o são os clientes.
– Damo-nos conta de anúncios da contratação de “Gestores Comerciais” com a promessa de parte fixa e variável, mas a fixa é apenas (e quando existe) suficiente para pagar o combustível do seu PRÓPRIO automóvel. Visitam o cliente 2 ou 3 vezes antes de receberem um feedback negativo ou positivo. Se for positivo ganham. Se não for não ganha. Mas nas 10 ou 12 horas de contacto com potenciais clientes o “gestor comercial” mencionou GRATUITAMENTE o nome da empresa que representam a, talvez, 40 clientes. São agentes publicitários sem retorno financeiro.
– As leis do mercado que são ditadas pelo excesso de oferta (nalguns sectores) obrigam ao abaixamento de preços.
– Das ofertas Low Cost nos transportes e do aparecimento de novas fórmulas de alojamento resulta um aumento exponencial de movimentações turísticas, especialmente de camadas mais jovens que buscam a maior diversidade e a maior quantidade de experiências pelo mínimo valor possível (boleias, quartos partilhados, comida rápida ou confecção própria, etc.). Como alguém disse: “muitos turistas de carteira vazia”.
Luís Gonçalves

Nota: Este artigo não segue as normas do AO, porque entendo que a etimologia das palavras é a raíz que sustenta a riqueza cultural da língua portuguesa.