JOIAS DA COROA NO PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA

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joias-coroaAs Joias da Coroa e Tesouros da Ourivesaria da Casa Real vão estar em exposição no Palácio Nacional da Ajuda, que será alvo de um projeto de valorização e intervenção das áreas Poente e Norte, conjugando assim dois grandes desígnios nacionais. A mostra deste acervo de excecional valor patrimonial será aberta ao público e reforça o contributo do Palácio no plano cultural e turístico de Lisboa através da exposição permanente de um conjunto notável de ourivesaria que constituía o Tesouro Real.

O projeto de valorização das áreas Poente e Norte do Palácio Nacional da Ajuda e posterior instalação da Exposição Permanente das Joias da Coroa e dos Tesouros de Ourivesaria da Casa Real terá a colaboração do Ministério da Cultura/Direção Geral do Património Cultural, da Câmara Municipal de Lisboa e da Associação Turismo de Lisboa.

O programa base do projeto, que hoje se apresenta, prevê o fecho da ala Poente com uma implantação que vai respeitar os limites atuais da massa edificada do palácio, e a sua relação com a envolvente próxima, coexistindo com o traçado da Calçada da Ajuda e com o Jardim das Damas.

Propõem-se operações de completamento cirúrgico das partes inacabadas por analogia com a construção existente, e justificadas por razões de unidade de leitura, e a adição de um novo volume de remate a poente com uma linguagem não mimética, conforme o preconizado nas cartas e convenções internacionais sobre património.

palacio-ajuda-joias-3A nova fachada Poente, com desenho e expressão contemporânea, procura restituir a unidade de leitura do conjunto. É utilizada uma composição formal, com referências aos alçados pré existentes, onde se enfatizam as linhas verticais e horizontais, acentuando a marcação da leitura dos estágios das fachadas existentes, que se materializam em diferentes planos das lâminas verticais de sombreamento dos planos envidraçados.

São ainda utilizados dois corpos laterais mais elevados, com perfil e altura idêntica à dos torreões Norte e Sul da fachada Este, essenciais para o equilíbrio do conjunto.

A utilização de uma estrutura com lâminas de sombreamento (pele) permite a datação clara da intervenção e assume um carácter efémero e reversível da construção.

Nesta nova ala do Palácio será instalada a Exposição Permanente das Joias da Coroa e do Tesouro de Ourivesaria, o piso 3 albergará a área da exposição permanente das Joias da Coroa da Casa Real, dotada de todas as condições de segurança, e, no piso 4, em tudo semelhante ao piso 3, estará patente a exposição do Tesouro de Ourivesaria.

Acervo de Joalharia

A coleção de joalharia é constituída por cerca de 900 exemplares, com grande diversidade de tipologias e proveniências, num período cronológico entre finais do século XVII a finais do século XIX, assinalando-se nesta coleção a existência dos seguintes núcleos de peças: o coroa-realdas Joias da Coroa, que reúne um notável conjunto de peças predominantemente do século XVIII, de produção nacional – fruto das abundantes explorações auríferas e diamantíferas brasileiras – com grande riqueza de materiais, qualidade superior e dimensão de algumas gemas, assim como a elevada mestria técnica e artística empregues no trabalho de metal precioso e lapidação. Incluem-se neste núcleo as joias de adorno, armas de grande aparato, complementos de traje e uniformes de gala, assim como sumptuosas insígnias honoríficas, nacionais e estrangeiras usadas pelos monarcas em ocasiões solenes.

Este acervo integra ainda o núcleo das Joias do Quotidiano, com 830 exemplares, que compreende tipologias destinadas ao uso corrente e no qual prevalecem exemplares de produção oitocentista originários das oficinas nacionais, francesas e italianas.

Acervo de ourivesaria

A coleção de ourivesaria ronda os 6340 exemplares e é constituída por uma grande diversidade de tipologias e proveniências, abrangendo um arco cronológico entre o século XIV e início do século XX, onde se evidenciam núcleos de peças como as Pratas da Coroa, no qual se inserem objetos de Regalia da Coroa, como um sumptuoso conjunto de obras de ourivesaria civil quinhentista e de produção nacional, as pratas de aparato da Casa real, reconhecido como o maior conjunto desta época existente em Portugal e no mundo ou a Baixela da Coroa, também designada por Baixela Germain, encomendada pelo rei D. José ao exímio ourives do rei de França François-Thomas Germain e que se tornou um dos mais importantes trabalhos da sua oficina à época.

Neste acervo existem ainda as Pratas utilitárias e decorativas, onde se encontram cerca de 4694 peças, num diversificado acervo de objetos ligados à vivência da família real no Paço da Ajuda, muitos deles adquiridos pela própria rainha D. Maria Pia no decorrer da segunda metade do século XIX.

palacio-ajuda-joiasDestaque ainda para o núcleo da Ourivesaria religiosa, com 147 artigos de várias proveniências e cujos exemplares mais antigos remontam a finais do século XIV, inícios do século VX sendo, no entanto, constituído por peças dos séculos XVIII e XIX, integrando alfaias de culto religioso utilizadas nas capelas dos Paços Reais e exemplares que incorporaram os bens da Casa Real após a extinção dos conventos em 1834.

O acervo de ourivesaria conta ainda com as Ordens e Condecorações, com 172 peças, que reúne um diversificado conjunto de colares, bandas, insígnias e placas de peito que datam, na sua maioria, da segunda metade do século XIX e são, fundamentalmente, de origem europeia.

Acervo iconográfico e documental

No programa museológico para esta exposição, a iconografia a utilizar será, maioritariamente, constituída por pinturas e reprodução de fotografias que enquadrem as peças, mantos régios, plantas do palácio do séc. XVIII e XIX e outros materiais gráficos de grande raridade, tal como os manuscritos de monarcas (carta de D. Sebastião, Luís XIV ou partitura de Mozart).

palacio-ajuda-joias-2O fator decisivo para que, finalmente, se possa concretizar o remate e complemento de uma das alas inacabadas do Palácio Nacional da Ajuda, criando, em simultâneo, condições para apresentação ao público de umas das coleções mais emblemáticas e de excecional valor patrimonial da história nacional: a coleção de Joalharia e Ourivesaria do Palácio Nacional da Ajuda é, justamente esta parceria entre o Ministério da Cultura/Direção Geral do Património Cultural, da Câmara Municipal de Lisboa e da Associação Turismo de Lisboa.

Esta iniciativa tem um elevado impacte a nível nacional, e em particular na cidade de Lisboa, ampliando a oferta de conteúdos no designado eixo Belém-Ajuda, que só com este projeto poderá verdadeiramente ter concretização, alargando, diversificando e potenciando os circuitos turísticos nesta área monumental da cidade, através da revelação de conteúdos com projeção internacional, nunca antes vistos, e da dinâmica que se cria complementando a oferta existente – residência histórica real – com o Tesouro da coleção até agora escondido.

Esta intervenção requer a realização de um conjunto de sondagens, diagnósticos estudos e projetos, que serão elaborados por uma equipa multidisciplinar. A adjudicação da obra está prevista para o segundo semestre de 2017.